A alta no preço do milho combinada aos preços baixos pagos pelo litro de leite preocupa a cadeia produtiva de Santa Catarina. Os principais desafios e oportunidades para o setor foram apresentados, nesta quinta-feira (26), em audiência pública organizada pela Comissão de Agricultura e Política Rural da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, em Pinhalzinho, no Oeste catarinense. O evento contou com a presença do secretário de Estado da Agricultura e da Pesca, Airton Spies, lideranças do agronegócio e produtores rurais de mais de 20 municípios da região.

A produção de leite vem numa crescente em Santa Catarina e em dez anos, o estado ampliou em 82% a sua capacidade produtiva – chegando a 3,1 bilhões de litros produzidos em 2016. Atualmente, Santa Catarina é o quarto maior produtor de leite do país e estimativas da Epagri/Cepa apontam para uma produção de 3,4 bilhões de litros de leite em 2017.

Segundo o secretário da Agricultura Airton Spies, a queda nos preços pagos ao produtor, em especial a partir do segundo semestre de 2017, se deve principalmente a um desequilíbrio entre oferta e demanda. Com uma grande oferta de leite e derivados no mercado e uma queda no consumo devido à redução na renda de milhares de famílias brasileiras, os preços do leite despencaram.

Já com uma tendência de aumento nos preços, observada em maio, o setor tem grandes desafios pela frente. De acordo com o secretário Spies, as perspectivas para a produção leiteira são positivas, com expectativa de aumento no consumo em todo o mundo.

“Para o crescimento consistente de sua produção de lácteos, o Brasil precisa conquistar o mercado externo. E para isso, ainda temos muito dever de casa a fazer. É preciso combinar três fatores: produto de alta qualidade, produzido a custo baixo e organizado em uma cadeia produtiva com logística eficiente. É o tripé que sustenta qualquer atividade econômica sob regras de livre mercado. Não há como imaginar que o Brasil se torne um player importante no mercado mundial de lácteos sem satisfazer essas premissas”.

Frente Parlamentar do Leite
Ao final da audiência, os participantes decidiram criar um grupo com representantes da cadeia produtiva do leite e parlamentares para avançar nas demandas do setor. Entre elas, estão a redução do Icms, visando igualar a alíquota praticada pelos estados vizinhos, e mudanças no PIS Cofins que incide sobre o setor. A criação de uma frente parlamentar do leite também ficou acertada.

Segundo o deputado estadual e proponente do encontro, Moacir Sopelsa, o leite está entre os principais produtos da agropecuária catarinense em faturamento – ficando atrás apenas da carne de frango e de suíno. “Precisamos saber o que queremos para a produção de leite. A Assembleia não veio achar a solução, mas temos o compromisso de ajudar a construir uma proposta pra consolidar essa produção e resolver os problemas”, ressalta.

Fonte: Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca de SC