A demanda por trigo no mercado brasileiro pode ser maior neste ano, fato que também deve impactar nas cotações do cereal. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o mercado inicia 2019 com mais fatores que indicam sustentação de preços do que fundamentos que resultam em pressão.

Além disso, Brasil deve aumentar as importações, devido à perda da qualidade no ano passado e também por conta da maior demanda dos produtores, uma vez que há trigo sendo destinado à ração animal, substituindo parte do milho. Entre agosto e dezembro de 2018, as importações somaram 2,86 milhões de toneladas, contra 2,43 milhões no mesmo período de 2017. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima necessidade de importações de 6,3 milhões de toneladas entre agosto/18 e julho/19.

Com expectativa de sustentação de preços de trigo, fica a expectativa quanto à área a ser destinada à cultura em 2019 no Brasil. A priori, especula-se crescimento de área em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Também poderá continuar se observando maior área com a cultura em regiões novas do Cerrado e em partes de Minas Gerais e do sul de São Paulo.

Para o Paraná, há uma dualidade. Muitos produtores estão retomando o interesse pelo trigo em detrimento do milho, devido ao alto custo com o cultivo de milho e também do risco de comercialização. Apesar de o trigo ser uma cultura também de alto risco de comercialização, insere-se o elevado risco de produção, mas há o fator favorável de menor necessidade de custeio e facilidade de crédito e seguro de produção. Segundo dados do Cepea, no oeste do Paraná, por exemplo, o trigo necessita de cerca de 25% a menos de crédito de custeio que o milho de segunda safra.

Quanto ao mercado de derivados de trigo no Brasil, a maioria dos moinhos estão ausentes nas compras do cereal, fator que deve continuar chamando atenção de parte das indústrias de ração, pelo menos nos primeiros meses do ano, enquanto não houver volume de milho suficiente para negociações a preços mais competitivos. No entanto, com as mudanças na economia brasileira, agentes do setor acreditam que as vendas de farinha irão melhorar, já que consumidores podem retomar suas compras de produtos finais, que contém trigo como ingrediente.

Fonte: DATAGRO