Dados de abril mostram ritmo menor na atividade chinesa, tendência que pode se manter no 2º semestre e reverter impulso a países exportadores de commodities

Na China, dados de atividade de abril mostraram nova desaceleração. As vendas no varejo continuam se recuperando, mas sem muito vigor. A vacinação lenta até há pouco pode ter criado incerteza, apesar do sucesso em controlar o coronavírus em 2020.

Agora, Pequim decidiu acelerar fortemente o ritmo de vacinação, alcançando 15 milhões de pessoas por dia, e 30% da população em pouco mais de um mês.

No lado da oferta, o popular índice Li Keqiang, que combina vários indicadores de produção, está artificialmente inflado, porque o Ano Novo chinês não foi comemorado em 2021, e muitas empresas trabalharam durante a data fazendo a variação de ano contra ano ser excessivamente alta.

O índice de variação interanual é notável por não ter observações no terreno negativo. Mesmo no auge da crise de 2020, ainda houve algum crescimento em relação a 12 meses antes e a produção se recuperou quase que imediatamente, voltando a crescer em relação ao ano anterior.

Os indicadores de crédito, por sua vez, apontam para um 2º semestre com crescimento da economia mais modesto. A política creditícia é o principal instrumento de resposta do governo chinês a oscilações na atividade.

Como o endividamento interno na China é de 285% do PIB, o impulso em 2020 correspondeu a 32% do PIB de expansão do estoque de crédito, ou seja, um crescimento perto de 11% desse estoque.

Verifica-se, no entanto, que a expansão vem desacelerando, e o estoque de crédito na metade de 2021 deverá estar muito próximo ao valor observado um ano antes, avalia o time de especialistas do Safra.

Dado o crescimento nominal da economia de perto de 10% nesse período, a contração do crédito fica clara, significando retirada de estímulos e uma expectativa do crescimento do PIB chegar a 5%, 6% ano contra ano ao final de 2021, respondendo à defasagem típica entre variação do crédito e da atividade econômica.

Menos crescimento na China é um sinal de alerta para os países exportadores de commodities, como o Brasil, segundo o banco. As recentes altas nos preços de commodities impulsionaram as exportações dos países produtores, melhorando seus saldos comerciais.

Com isso, elas geraram um impulso para o crescimento dessas economias, ajudando na saída da recessão causada pela pandemia. Além disso, impactaram as moedas dos países exportadores, apreciando algumas delas para patamares próximos ao pré-pandemia.

A desaceleração atual na China pode levar a uma reversão parcial desses movimentos, especialmente caso a vacinação contra a Covid-19 se mantenha lenta. Essa reversão pode sugerir a necessidade de aperto monetário em uns tantos países exportadores de commodities, na América Latina e em outros continentes, a exemplo do que o Brasil vem fazendo desde o começo de 2021.

Fonte: Suinocultura Industrial/Valor