O dólar sofreu uma nova virada na quinta-feira (4), mostrando firme alta no mercado futuro depois de passar a sessão inteira em queda, com a pressão do cenário externo neutralizando repercussão positiva da aprovação da PEC Emergencial com limites de gastos , que aliviou temores sobre a trajetória das contas públicas.

O movimento do câmbio na quinta foi na direção contrária da véspera, quando, na retomada final do pregão, o dólar despencou das máximas, após garantias do presidente da Câmara de que o Congresso respeitaria o teto de gastos.

O dólar à vista fechou com variação negativa de 0,01%, a 5.6617 reais na venda. Na B3, em que os negócios com derivativos de câmbio vão até 18h30, o dólar futuro de primeiro vencimento saltava 0,90% às 17h17, a 5,6740 reais.

No mercado spot, a moeda chegou a descer para 5.5449 reais (-2,08%) no começo da tarde, mas recobrou formas e engrenou alta em meio à deterioração nos ativos internacionais, pela percepção de que o Federal Reserve não está preocupado com o recente aumento nas taxas de títulos sóbrios e das taxas de informação.

No pico do dia, a cotação subiu 0,40%, a 5.685 reais.

O salto nos moldes dos títulos encarece os custos de empréstimo, colocando entraves a uma já desafiadora recuperação econômica, enquanto a alta da informação projetada aumenta a pressão para recuperar as medidas de estímulos que inundaram o sistema financeiro com liquidez -a qual em parte migrou para mercados emergentes, como o Brasil.

O dólar saltava no exterior a máximas desde dezembro passado. O índice Nasdaq da Bolsa de Nova York chegou a cair mais de 3%, enquanto as taxas dos tesouros de dez anos – referência para investimentos em todo o mundo – disparavam 8 pontos-base, ficando a cerca de 6 pontos-base da máximo em um ano tocada na semana passada.

“Os prognósticos de longo prazo estão subindo em meio a dados fracos … Então, talvez essa liquidação (dos títulos) seja sobre um forte crescimento futuro, mas como grandes déficits impulsionam isso, também pode ser sobre um prêmio de risco fiscal”, disse Robin Brooks, economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês).

Mesmo longe das mínimas do dia por causa do mau humor externo, o dólar ainda menos força aqui do que no exterior. A moeda subia 0,9% contra o peso mexicano e 1,4% frente ao rand sul-africano.

O anteparo ao mercado doméstico da véspera, com a aprovação no Senado da PEC Emergencial, que manteve sob seu guarda-chuva o Bolsa Família e veio com limite de 44 bilhões de reais a ser excepcionalizado das regras fiscais em 2021. A proposta foi aprovada em segundo turno pelos senadores na quinta-feira. Segundo o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o texto será discutido na próxima terça-feira na Câmara.

O alívio – uma vez que o projeto não afrouxou ainda mais as regras fiscais – já estimula analistas a rever posições negativas sobre o real.

Profissionais do Barclays avaliam que já é hora de montar posições favoráveis ​​ao real, ainda que, por ora, limitadas ao mercado de opções. Eles recomendam posição em “colocar” (opção de venda) de três meses em dólar / real, com spread entre 5,45 reais e 5,35 reais, após ponto de entrada em 5,6180 reais.

“Os sinais apontam preservação do arcabouço fiscal, e governo e Congresso parecem cientes das consequências negativas para os mercados e a economia caso o teto de gastos seja comprometido”, disse Juan Prada e Roberto Secemski, lembrando ainda que os ativos locais podem se beneficiar da valorização das commodities.

Fonte: Reuters com adaptações Suino.com