O dólar avançava contra o real nesta quinta-feira, com o foco dos mercados recaindo sobre a política monetária tanto do Brasil quanto dos Estados Unidos com a aproximação das reuniões de seus respectivos bancos centrais na semana que vem, enquanto o clima em Brasília continuava sob monitoramento.

Os encontros do Banco Central do Brasil e do Federal Reserve acontecerão ambos nos dias 21 e 22 de setembro. Os investidores globais ficarão atentos a qualquer sinalização do Fed sobre o futuro de seu programa de compra de ativos, e, por aqui, o foco está no ritmo de elevação da taxa Selic.

Para Lucas Schroeder, diretor de operações da Câmbio Curitiba, o “Fed ainda está bem cauteloso em relação a redução de estímulos”, o que torna baixa a probabilidade de anúncio iminente de corte em suas compras de ativos. Caso essa expectativa de manutenção da política monetária se consolide, explicou, os operadores podem elevar a busca por ativos de países emergentes.

Nesta quinta-feira, no entanto, o índice do dólar subia 0,50% contra uma cesta de moedas fortes, ganhando também contra rand sul-africano, lira turca e peso mexicano, três dos principais pares do real.

Dados divulgados mais cedo mostraram que as vendas no varejo dos Estados Unidos cresceram inesperadamente em agosto, o que pode reduzir as expectativas de uma desaceleração acentuada no crescimento econômico no terceiro trimestre.

No Brasil, depois que sinais de disparada da inflação doméstica levaram alguns investidores a precificarem elevação de até 1,5 ponto percentual da taxa Selic na reunião do Copom de setembro, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, esfriou as expectativas ao dizer na terça-feira que não vai alterar seu plano de voo a cada número de alta frequência que sair.

Isso “não significa que a taxa não vai continuar subindo”, explicou Lucas Schroeder, diretor de operações da Câmbio Curitiba, mas “Campos Neto retificou que o BC não vai adotar altas mais acentuadas do que de 1 ponto percentual na Selic”, mesmo ritmo adotado no último encontro do Copom.

Juros mais altos tendem a elevar a rentabilidade do mercado de renda fixa doméstico, intensificando o ingresso de recursos estrangeiros no Brasil e, consequentemente, beneficiando o real, explicou Schroeder.

Às 10:37, o dólar avançava 0,53%, a 5,2646 reais na venda, enquanto o dólar futuro de maior liquidez tinha alta de 0,65%, a 5,276 reais.

Adiante, incertezas de vários cantos podem estressar as negociações no mercado de câmbio, segundo Schroeder.

“A crise hídrica pode ter impacto maior nos próximos meses, afetando a inflação em vários setores, o que pode elevar a cautela. Já na pauta política, se aproximam as eleições, e o 7 de Setembro foi prévia de como está o clima.”

Durante manifestações da semana passada no feriado do Dia da Independência, o presidente Jair Bolsonaro levantou temores institucionais ao atacar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), embora já tenha moderado seu tom desde então.

A moeda norte-americana spot fechou a quarta-feira em queda de 0,42%, a 5,237 reais.

Fonte: Reuters