O dólar abriu esta quarta-feira em alta acentuada contra o real, chegando a renovar máxima histórica acima de 5,25 reais em meio a sinais crescentes do impacto econômico da pandemia de coronavírus.

Às 10:15, o dólar avançava 0,93%, a 5,2426 reais na venda, enquanto o dólar futuro mais negociado tinha alta de 0,63%, a 5,248 reais.

Na máxima do dia, o dólar spot chegou a tocar 5,2520 reais na venda, nova máxima recorde intradia, alta de 1,11%.

Mais uma vez, os mercados voltavam as atenções para os efeitos econômicos da atual crise de saúde, com dados pessimistas e sinais de aprofundamento na disseminação do vírus elevando a expectativa de uma recessão global.

A atividade industrial da zona do euro entrou em colapso no mês passado, enquanto a criação de postos de trabalho no setor privado norte-americano recuou em março pela primeira vez desde 2017.

Enquanto isso, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alertou os norte-americanos dizendo que as próximas duas semanas serão muito difíceis na luta contra o coronavírus, com as autoridades de saúde da Casa Branca prevendo um enorme salto nas mortes relacionadas à doença, mesmo com medidas rigorosas de distanciamento social.

“Há um clima super pesado, com o corona — principalmente nos EUA — atingindo patamares inimagináveis”, disse à Reuters Jefferson Laatus, sócio fundador do grupo Laatus.

“Isso assusta bastante o mercado, porque tem um impacto econômico sem precedentes”, afirmou Laatus. “Isso vai causar uma desaceleração enorme, não só nos Estados Unidos, mas no mundo todo.”

Com maior aversão a risco no exterior, a moeda norte-americana ganhava força contra peso mexicano, lira turca, rand sul-africano e dólar australiano, principais pares arriscados do real.

No Brasil, o Banco Central, a partir desta quarta-feira, dará início à rolagem de contratos de swap cambial com vencimento em 4 de maio de 2020, totalizando 4,9 bilhões de dólares.

A medida não ajudava a aliviar a pressão sobre o real, mas, segundo Laatus, “tendo pressões adicionais, o BC pode atuar mais vezes nos mercados, inclusive com venda spot, de dólar à vista”.

O dólar interbancário fechou o último pregão em alta de 0,25%, a 5,1944 reais na venda, segunda maior cotação para encerramento da história.