O dólar fechou em baixa nesta terça-feira, numa sessão de bastante volatilidade ao fim da qual a moeda acabou devolvendo apenas uma fração da expressiva alta da véspera, quando os mercados globais foram nocauteados por renovados temores sobre a pandemia.

O dólar à vista caiu 0,35%, a 5,2308 reais na venda.

A cotação iniciou o dia em queda, passou a subir ainda na primeira hora de negócios e bateu um pico de 5,2953 reais (+0,87%) logo depois das 10h30. Posteriormente, começou a perder força, chegou a cair por volta de 11h15 antes de voltar a ganhar terreno.

No fim da manhã, porém, as vendas apareceram com força e derrubaram o dólar à mínima intradiária de 5,203 reais (-0,88%). Ao longo da tarde, a moeda manteve-se em baixa, mas ganhou um pouco de fôlego já perto do fim da sessão e, assim, acabou fechando distante das mínimas do dia.

De acordo com Lucas Schroeder, diretor de operações da Câmbio Curitiba, a descompressão no câmbio refletiu tanto alguma melhora de clima no exterior quanto a percepção de que eventual aumento de impostos implícito na polêmica fase da reforma tributária recentemente enviada pelo governo ao Congresso não passará.

“Bolsonaro tem criticado o aumento de carga tributária na reforma, e isso acaba trazendo algum otimismo”, disse.

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira, em entrevista a uma rádio, que pode vetar o projeto de reforma se houver aumento da carga tributária. O texto da segunda fase da reforma, entregue ao Congresso há quase um mês, causou muito ruído no mercado e ditou forte alta do dólar e queda do Ibovespa nos dias seguintes à sua apresentação.

Por outro lado, Schroeder citou que o impasse político em torno do novo fundo partidário de 5,7 bilhões de reais pode manter o dólar valorizado. O presidente disse que deve vetar o fundo, porém lembrou que o Congresso pode derrubar o veto, movimentos que gerariam aumento de sensibilidade nas relações do governo com o centrão, sua base de apoio para reformas no Legislativo.

“Até o fim do ano, no melhor dos cenários o dólar poderia ir a 5 reais, 4,90 reais. Neste momento, a instabilidade deve persistir”, disse Schroeder.

De toda forma, o real teve um dos melhores desempenhos globais nesta sessão, depois de na véspera ocupar a lanterna entre as principais divisas.

Na segunda-feira, o dólar saltou 2,59%, a 5,2494 reais na venda, maior patamar desde 8 de julho deste ano e maior valorização percentual desde 18 de setembro de 2020.

No exterior, o dólar operava nas máximas em três meses e meio. A moeda voltou a ganhar terreno no mundo desde junho, com investidores colocando nos preços aperto da política monetária nos Estados Unidos. No Brasil, o dólar sobe 6,6% desde que tocou uma mínima de cerca de 4,89 reais em 25 de junho.

Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos, diz por ora não ter visão direcional para a moeda no Brasil.

“Ainda acredito que o cenário-base seja de muita volatilidade e pouca tendência”, afirmou, acrescentando que em momentos de maior otimismo prefere adicionar posições pró-dólar, como o fez no fim do mês passado.

Fonte: Reuters