O dólar subia contra o real nesta terça-feira após a divulgação de dados de inflação norte-americanos mais fortes do que o esperado, enquanto as tensões em Brasília continuavam no radar.

Às 10:34, o dólar avançava 0,45%, a 5,1970 reais na venda, enquanto o dólar futuro negociado na B3 ganhava 0,30%, a 5,199 reais.

Nesta manhã, números do Departamento do Trabalho dos Estados Unidos mostraram que os preços ao consumidor subiram ao maior patamar em 13 anos em junho em meio a restrições de oferta e uma recuperação contínua nos custos de serviços relacionados a viagens.

Logo após a divulgação dos dados, a moeda norte-americana abandonou a estabilidade vista nos primeiros minutos de pregão e saltou 0,7%, a 5,2100 reais na venda, acompanhando a força do índice do dólar no exterior. Pouco tempo depois, acelerou ainda mais os ganhos e tocou 5,2235 reais na máxima do dia.

“Esse era o grande indicador do dia e veio muito acima do esperado; isso, a princípio, assusta um pouco o investidor”, disse à Reuters Rafael Claudino, sócio fundador da HCI Invest.

Ele explicou que todos os sinais de aceleração da inflação na maior economia do mundo elevam as apostas de que o Federal Reserve reduzirá seus estímulos e elevará os juros mais cedo do esperado, o que forneceria impulso para o dólar.

Enquanto isso, no Brasil, os investidores continuavam de olho no clima político em Brasília. Em meio às investigações da CPI da Covid no Senado, o presidente Jair Bolsonaro negou que tenha cometido prevaricação no caso das supostas irregularidades na negociação para a compra da vacina indiana Covaxin.

Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos, escreveu que a CPI “continuará causando ruídos e desconforto ao governo, mas ainda sem potencial de ‘explosão'”, enquanto os investidores continuarão de olho nos desdobramentos em torno das propostas de mudanças tributárias do governo.

Celso Sabino (PSDB-PA), relator da reforma do Imposto de Renda, disse à Reuters na segunda-feira que a carga tributária deve ter uma redução efetiva de 20 bilhões de reais no parecer a ser apresentado nesta terça.

Na véspera, a moeda norte-americana à vista caiu 1,61%, a 5,1736 reais na venda, movimento que veio na esteira de uma sequência de altas consecutivas iniciada no dia 29 de junho, que, segundo especialistas, foi fortemente direcionada pelo noticiário político.

Apesar da alta do dólar nesta terça-feira e nos últimos dias, Claudino, da HCI Invest, disse que ainda vê espaço para desvalorização da divisa frente ao real. “Nossa taxa de juros também está subindo, e isso pode trazer o dólar para um patamar mais condizente com a realidade”, afirmou.

“O cenário político tem impacto no curto prazo, mas, no longo, o que vai direcionar a taxa de câmbio é o posicionamento do nosso Banco Central e do Federal Reserve.”

Em sua última reunião de política monetária, o BC promoveu a terceira alta consecutiva de 0,75 ponto percentual da taxa Selic, a 4,25%, e indicou que vai anunciar aumento da mesma magnitude, pelo menos, em sua próxima reunião.

Fonte: Reuters