O dólar tinha viés de queda nesta terça-feira, depois de já oscilar entre altas e ganhos pela manhã em meio ao arrefecimento na busca internacional por risco depois do clima de otimismo com a vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais dos Estados Unidos e notícias de sucesso em uma vacina para a Covid-19 da Pfizer.

Às 12:08, o dólar recuava 0,60%, a 5,3531 reais na venda, depois de ter saltado quase 0,5% mais cedo, a 5,4116 reais. Na mínima, a moeda caiu a 5,348 reais, queda de 0,70%.

O contrato mais negociado de dólar futuro tinha baixa de 0,63%, a 5,3565 reais.

“Após uma segunda-feira de fortes ganhos para os mercados, investidores pausam o movimento de maneira a ponderar expectativas com relação ao cenário atual”, disse em nota a Guide Investimentos.

Na véspera, parte do otimismo foi atribuída por analistas à clareza sobre a vitória eleitoral de Biden, que superou o patamar de 270 votos no Colégio Eleitoral norte-americano, assegurando a liderança da Casa Branca a partir de janeiro de 2021.

Ao mesmo tempo, a taxa de sucesso de mais de 90% em uma vacina para a Covid-19 da Pfizer ajudou a impulsionar o sentimento, com investidores esperançosos de que o controle da pandemia poderá ajudar na recuperação global diante de uma forte recessão.

Mas, segundo a Guide, a disseminação da Covid-19 nas principais economias, a batalha jurídica pela Presidência nos EUA e a expectativa por um Congresso norte-americano divido estavam entre os fatores sendo ponderados pelos investidores.

Mauriciano Cavalcante, diretor de câmbio da Ourominas, disse à Reuters que, mesmo com fatores positivos vindos do exterior, a moeda norte-americana deve permanecer em um intervalo entre 5,35 reais e 5,40 reais, ressaltando que, no pregão anterior, o mercado de câmbio doméstico se mostrou muito especulativo depois que o dólar se aproximou dos 5,20 reais.

A divisa negociada no mercado spot fechou a última sessão com variação negativa de 0,08%, a 5,3855 reais, depois de ter chegado a cair mais de 3% na mínima do pregão, a 5,2240 reais.

“O mercado deve continuar acompanhando o que vai acontecer (em relação à trama política norte-americana), e o dólar não deve ter a oscilação que teve ontem”, completou Cavalcante.

Enquanto isso, no Brasil, o foco permanecia na saúde das contas públicas, com operadores em busca de clareza sobre como será o comportamento fiscal do país diante dos fortes gastos provocados pela pandemia.

Um dos principais temores é de que o governo não consiga conciliar o financiamento de um programa de assistência social a um Orçamento apertado para 2021.

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou na segunda-feira que tudo indica que o Congresso não vai votar o Orçamento de 2021 ainda neste ano e que isso poderá afetar o rating do Brasil nas agências de classificação de risco, notícia que foi citada por vários analistas como possível fator de pressão para o real.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a adotar nesta terça-feira discurso a favor da agenda de privatizações e controle dos gastos públicos por parte do governo.

Enquanto isso, a suspensão dos testes da vacina CoronaVac, da chinesa Sinovac, em curso no Brasil pelo Instituto Butantan, foi apontada pelos mercados locais como ponto de atenção.

No acumulado de 2020, o dólar acumula salto de cerca de 33,4% contra a moeda brasileira.

Fonte: Reuters