O dólar deixou as mínimas do dia para trás e passava a oscilar perto da estabilidade nesta terça-feira, atrapalhando a tentativa de recuperação da moeda brasileira depois de um início de semana difícil, em meio a cautela tanto no cenário global quanto no nacional.

Às 10:30, o dólar avançava 0,09%, a 5,4514 reais na venda. Na mínima do dia, alcançada nos primeiros minutos de negociação, a divisa norte-americana foi a 5,4243 reais (-0,40%), antes de zerar essas perdas e chegar a tocar 5,4640 no pico da sessão (+0,32%).

Na véspera, a moeda norte-americana já havia saltado 1,43%, a 5,4465 reais, deixando o real com o pior desempenho global.

“Ultimamente (o dólar) não tem tido muito espaço para cair, com uma coleção de crises no curto prazo”, disse em nota Jefferson Rugik, da Correparti Corretora.

No exterior, os problemas financeiros da incorporadora chinesa Evergrande, que poderiam contaminar a economia mais ampla, têm minado o apetite por ativos arriscados, enquanto o risco de calote da dívida nos Estados Unidos e a iminência da redução de estímulos pelo Federal Reserve — em meio a sinais de possível persistência da inflação — colaboram para a cautela, disse Rugik.

O índice do dólar contra uma cesta de moedas subia 0,21% nesta terça-feira, a 94,034, rondando máximas em um ano.

No radar dos investidores em dólar ficava a divulgação de um importante relatório de emprego nos EUA, do final desta semana, que pode ser determinante para a decisão do banco central norte-americano de começar a cortar – ou não – suas compras mensais de títulos, revertendo medidas de estímulo que aumentaram a busca por ativos arriscados durante a pandemia.

No Brasil, continua a conhecida novela fiscal: os investidores estão receosos com a falta de recursos dentro do teto de gastos em meio aos esforços de lideranças da Câmara e governo pela prorrogação do auxílio emergencial à população.

Enquanto isso, levantando temores de possível empecilho à agenda econômica entre os participantes do mercado, a Procuradoria-Geral da República (PGR) disse que vai abrir apurações preliminares para investigar offshores ligadas ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, citadas em reportagens do caso Pandora Papers.

Fonte: Reuters