O dólar à vista rondava estabilidade ante o real nesta segunda-feira, mas agora com viés de queda depois de subir no começo do pregão, enquanto na bolsa contratos futuros da moeda norte-americana cediam, conforme investidores analisavam novos acenos do presidente Jair Bolsonaro ao mercado financeiro depois da turbulência da semana passada.

Às 9h37, o dólar à vista tinha variação negativa de 0,05%, a 5,6213 reais, após alcançar 5,6594 reais (+0,62%) pouco depois do início dos negócios.

Na B3, a taxa do contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,44%, a 5,6280 reais.

Ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes, Bolsonaro disse no domingo que o governo e a equipe econômica farão “de tudo” para não perderem a confiança do mercado, com ambos trocando elogios depois de uma semana em que os ativos financeiros despencaram por temores sobre os rumos da política econômica – o que havia gerado especulações de saída do ministro do cargo.

Na sexta, Guedes afirmara que preferia tirar uma nota menor no quesito fiscal, com o déficit primário sendo um pouco maior no ano que vem, em troca de atendimento a mais frágeis, relativizando a mudança na regra do teto e defendendo que não houve mudança nos fundamentos da economia brasileira com a fórmula encontrada para financiar o novo Bolsa Família.

As falas conjuntas ainda na sexta fizeram preço no mercado. O dólar acabou fechando em queda, depois de no mercado futuro superar 5,76 reais no pior momento daquele dia.

De toda forma, o cenário segue inspirando cautela, o que ficou evidente na expressiva piora de estimativas mostrada pela pesquisa Focus do Banco Central divulgada nesta manhã.

O prognóstico para o dólar, por exemplo, pulou a 5,45 reais para o fim deste ano e do próximo, ante 5,25 reais da previsão anterior para ambos os períodos. O mercado elevou ainda os números para juros e inflação e baixou os para o crescimento econômico.

“Mais juros e menos crescimento para 2022, cenário que reflete o aumento da incerteza e a falta de confiança na política fiscal”, comentou Rafaela Vitoria, economista-chefe e chefe de pesquisa econômica do Banco Inter.

Os números da Focus ilustram a série de ajustes para cima nas estimativas para o dólar desde a semana passada. A XP, por exemplo, promoveu forte alta em seus cálculos, vendo agora cotação de 5,70 reais ao fim deste ano e de 2022, ante taxas anteriores de 5,20 reais e 5,10 reais, respectivamente.

“Apesar das mesmas projeções para o final deste e do próximo ano, acreditamos que a taxa de câmbio apresentará muita volatilidade, especialmente com a aproximação das eleições”, disse em nota do fim da sexta-feira Caio Megale, economista-chefe da XP.

Investidores estrangeiros também estão mais desconfiados. Especuladores que operam na Bolsa Mercantil de Chicago tornaram a vender contratos de reais na semana finda em 19 de outubro, elevando posições pessimistas na moeda brasileira em meio à forte pressão cambial no Brasil diante de temores sobre a trajetória das contas públicas.

O mercado ainda aguarda eventos importantes nesta semana no campo doméstico, como a divulgação do IPCA-15 de outubro e a decisão de política monetária do Banco Central.

No exterior, um índice do dólar ganhava 0,26%, enquanto um índice de divisas emergentes oscilava perto da estabilidade.

Fonte: Reuters