O dólar apresentava volatilidade nesta segunda-feira e chegou a superar os 5,28 reais nas máximas do pregão, em mais um dia marcado por ruídos fiscais domésticos.

Às 11:45, o dólar avançava 0,72%, a 5,2720 reais na venda, depois de oscilar entre 5,2832 reais na máxima do pregão, alta de 0,93%, e 5,2300 na mínima, queda de 0,08%.

“O aumento dos riscos político e fiscal dominou o cenário e deixou em segundo plano a aprovação do Projeto de Lei que permite a privatização (dos) Correios e a urgência da votação da Reforma do Imposto de Renda”, escreveram em nota analistas da Genial Investimentos.

Fornecendo combustível ao ruído fiscal, o presidente Jair Bolsonaro tem repetido constantemente sua intenção de elevar o valor do Bolsa Família. Nesta segunda-feira, ele entregou pessoalmente ao Congresso medida provisória com as alterações no programa Bolsa Família, ainda sem o valor do reajuste.

Além dos temores dos mercados sobre o aumento dos gastos federais com auxílio à população, visto por muitos investidores como uma guinada populista do presidente em meio à queda em sua popularidade, a tentativa do governo de alterar o pagamento de precatórios também continuava no radar.

Bolsonaro prometeu enviar ainda nesta tarde o texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que permite parcelamento das dívidas de precatórios devidos pelo governo. O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta segunda que, com a PEC, o governo ataca frontalmente o problema dos precatórios e passa a disciplinar a execução do Orçamento.

Segundo os analistas da Genial, o noticiário em torno dos precatórios “mexeu com os preços dos ativos na medida em que gera dúvidas quanto à capacidade do governo de honrar seus compromissos financeiros”.

Enquanto isso, no exterior, o índice do dólar mostrou recuperação recentemente depois que fortes dados sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos encorajaram a antecipação de apostas sobre quando o Federal Reserve vai reduzir seu estímulo da pandemia.

Levando isso em consideração, “entendemos que os próximos meses serão de um dólar fortalecido ao redor dos mercados, o que, por consequência, reduz a atratividade do real”, disse o BTG Pactual em relatório.

“Os fatores tanto internacionais como nacionais, neste momento, nos impedem de afirmar que o cenário base (para o fim de 2021) é uma cotação do real abaixo de 5 (por dólar), mas ainda entendemos que a retomada da economia no segundo semestre a partir do célere ritmo de vacinação e as elevadas exportações brasileiras devem valorizar o real até o final deste ano”, acrescentou. A projeção base do banco é de um dólar cotado a 5 reais ao final de 2021.

Nesta manhã, o dólar apresentava leves ganhos contra lira turca, peso mexicano e rand sul-africano, divisas emergentes pares do real.

Na sexta-feira, o dólar spot teve alta de 0,35%, a 5,2343 reais na venda.

Fonte: Reuters