O dólar recobrava forças depois de abrir em queda nesta quinta-feira, voltando a superar os 5,50 reais, com a permanência de incertezas internacionais e locais ofuscando esperanças de que pelo menos um dos problemas que têm preocupado os mercados nas últimas semanas – a crise do teto da dívida dos Estados Unidos – será resolvido.

Às 10:32, o dólar avançava 0,64%, a 5,5208 reais na venda, e foi a 5,5223 reais na máxima do dia. Na B3, o dólar futuro subia 0,32%, a 5,534 reais.

A moeda norte-americana chegou a operar em baixa nos primeiros minutos de negociação, indo a 5,4674 reais na mínima intradiária, com analistas citando continuação do alívio no sentimento visto na véspera, quando o Senado dos EUA deu sinais de estar perto de um acordo temporário para evitar calote da dívida federal.

Autoridades norte-americanas importantes têm alertado para a importância de elevar o teto de endividamento antes de o país ficar sem dinheiro, mas parlamentares republicanos têm demonstrado resistência em flexibilizá-lo. Aliviando o impasse, no entanto, o principal republicano do Senado, Mitch McConnell propôs que seu partido permita uma extensão do teto da dívida federal até dezembro.

“De forma geral, contudo, ainda vejo um cenário econômico desafiador, que deverá manter os mercados com elevada volatilidade”, disse em blog Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos, citando a permanência de incertezas como a inflação alta global, expectativa de redução de estímulos nas principais economias e sinais de acomodação do crescimento — todos esses fatores que têm prejudicado o desempenho de ativos arriscados nas últimas semanas.

Na véspera, o Citi alertou que a moeda brasileira pode ficar mais vulnerável conforme o ambiente internacional favorável para moedas de mercados emergentes vai ficando para trás, prevendo que o real encerrará este ano em 5,47 por dólar.

No exterior, o índice do dólar contra uma cesta de seis moedas tinha variação positiva de 0,03%, depois de ter chegado a mostrar queda mais cedo. O índice foi beneficiado, a partir das 9h30 (horário de Brasília) por dados que mostraram queda maior do que a expectativa nos pedidos de auxílio-desemprego dos EUA.

Por aqui, “o investidor deve seguir acompanhando discussões em torno das mesmas pendências das últimas semanas em Brasília”, disse em nota Victor Beyruti, da equipe econômica da Guide Investimentos, citando pautas como a PEC dos Precatórios, a Reforma do Imposto de Renda e o debate em torno do auxílio emergencial para a população.

A falta de recursos sob o teto de gastos brasileiro tem sido fator constante de preocupação para os investidores locais, e foi apontada pelo Citi como o principal fator para os patamares subvalorizados do real.

Na véspera, o dólar spot teve variação positiva de 0,01%, a 5,4857 reais na venda.

Fonte: Reuters