A economia brasileira parece ter deixado para trás os tempos de recessão. Depois de dois anos de desempenho negativo, o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), divulgado pelo BC e tido pelo mercado como uma prévia para o PIB, registrou expansão de 1,04% em 2017 na comparação com 2016.

O resultado veio dentro da expectativa da maior parte dos analistas. Em dezembro, o índice teve alta de 1,41% ante novembro. Foi o quarto mês seguido de alta do IBC-Br. Dados oficiais do PIB de 2017 serão divulgados dia 1º de março pelo IBGE.

O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, vê com otimismo a retomada sinalizada pelos números do Banco Central. Ele diz que o resultado veio dentro das estimativas da consultoria, que projeta expansão de 3,5% na economia brasileira em 2018.

“Temos observado que o crescimento está bem pulverizado, atingindo vários setores da economia. Os números estão vindo muito fortes, tanto na margem quanto na comparação interanual. Um dos destaques é o setor automotivo, que apresenta crescimento de dois dígitos, mas também acreditamos em um bom desempenho do agronegócio”, analisa Vale.

Ainda de acordo com o analista, 2018deve ser marcado pela recuperação na demanda, puxada pela retomada do mercado de trabalho, e também de bom desempenho do lado dos investimentos, impulsionada pela aquisição de máquinas e equipamentos. “Já a construção civil deve ter um desempenho um pouco mais lento”, acrescenta Sérgio Vale.

A MB Associados mantém suas expectativas de que 2018 será um ano de crescimento, mesmo atravessando a corrida eleitoral. Para Sérgio Vale, a disputa deve ser vencida por um candidato de centro, o que não deve causar efeitos negativos na atividade econômica.

Um ponto destacado pelo economista Thiago Xavier, responsável pela área de Atividade Econômica da consultoria Tendências, é a qualidade do crescimento. “No início do ano passado, observávamos que o crescimento estava mais focado no agronegócio por conta da super safra. A Formação Bruta de Capital Fixo estava muito voltada para a aquisição de máquinas e equipamentos do campo. Agora, vemos que ela já atinge o setor de transporte e outros segmentos. Isto faz com que o a retomada seja mais consolidada”, avalia ele.

Xavier também aposta no aumento do consumo das famílias para o crescimento da economia em 2018, que para a Consultoria Tendências deve ser de 2,8% este ano.

“A retomada do emprego ajudará neste processo. Deveremos observar aumento na massa salarial e na concessão de crédito para Pessoas Físicas. Outro fator muito importante será a absorção da queda da taxa Selic, que demora um tempo para ser sentida no mercado”, acrescenta Thiago Xavier. Ele acredita que o BC não fará novos cortes de juros este ano, mantendo a taxa Selic nos atuais 6,75%. Para 2019, ele já estima um aumento, podendo encerrar o período em 9%.

Fonte: Sociedade Nacional de Agricultura