O novo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), prometeu na noite desta segunda-feira um esforço para conduzir pautas de interesse do Poder Executivo, mas ressalvou que exigirá uma atuação independente e que também buscará um diálogo com as demais instituições.

“Ao Poder Executivo, dedicaremos parte significativa de nossos vigores, fiscalizando, deliberando as suas proposições, dialogando para construir o futuro da nação”, disse Pacheco em seu primeiro discurso após eleito. “Porém, dele exigiremos respeito aos compromissos assumidos e a independência deste Poder Legislativo.”

O parlamentar do DEM –que tem 44 anos e está em seu primeiro mandato no Senado- afirmou que trabalhará por uma atuação independente do Senado e que não haverá “nenhum tipo de influência externa” sobre os senadores.

Pacheco aproveitou para indicar “urgência” para as reformas.

Muitas decisões importantes se avizinham, a votação de reformas que dividem opiniões, como a reforma e a administrativa, deverão ser enfrentadas com urgência, mas sem atropelo”, citou.

Nos pronunciamentos antes e depois da eleição, o novo presidente do Senado também destacou seu interesse em discutir a PEC emergencial e a PEC do Pacto Federativo. Defendeu a vacinação para todos “de maneira imediata” ao sugerir a atuação baseada no tripé saúde pública, desenvolvimento social e crescimento econômico.

Pacheco foi eleito para presidir o Senado e o Congresso Nacional pelos próximos dois anos com um amplo apoio político, que passa pelo presidente Jair Bolsonaro, o então presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e o PT, derrotando a candidata Simone Tebet (MDB-MS), que concorreu de forma independente por não ter tido respaldo sequer da própria bancada.

Franco favorito, Pacheco conseguiu 57 votos, enquanto Simone Tebet teve 21 –três dos 81 senadores não compareceram à votação. Para ser eleito, um candidato precisava ter o apoio de pelo menos 41 senadores.

EQUILÍBRIO FISCAL E AUXÍLIO SOCIAL

Em um dos discursos, o senador do DEM defendeu a independência do Senado e afirmou que, apesar do compromisso com a responsabilidade fiscal e o teto de gastos, é necessário reconhecer a situação de vulnerabilidade social de pessoas em razão da pandemia.

Pacheco prometeu que, sendo eleito, iniciaria um diálogo com a equipe econômica para conciliar o teto dos gastos com a assistência social.

“Nós não podemos desconhecer que, a despeito do compromisso da responsabilidade fiscal e do teto de gastos públicos de índole constitucional, nós temos a obrigação de reconhecer um estado de necessidade no Brasil que faz com que milhares de vulneráveis, milhares de miseráveis precisem de atendimento do Estado”, disse.

“De modo que nos primeiros instantes, caso Vossas Excelências me outorguem o mandato de presidente, nós vamos inaugurar um diálogo pleno, efetivo e de resultados, porque isso é para ontem, para que se possa conciliar o teto de gastos públicos com a assistência social num diálogo com a equipe econômica do governo federal”, emendou.

Durante a campanha, Pacheco deu entrevistas –inclusive para Reuters– em que defendeu a discussão de um auxílio aos mais necessitados diante da crise do novo coronavírus.

O governo federal encerrou o pagamento do auxílio emergencial em dezembro e tanto Bolsonaro quanto a equipe econômica se posicionaram contra uma retomada desse tipo de benefício.

ELEIÇÃO TRANQUILA

Apesar de protocolos em razão da pandemia, a eleição do Senado foi relativamente tranquila, longe dos duros embates na eleição do próprio Alcolumbre dois anos atrás. Na ocasião, houve até uma votação anulada em função de um número maior de votos do que de senadores.

A principal adversária de Pacheco, Simone Tebet, viu sua candidatura desidratar ao perder o apoio de seu próprio partido, o MDB. Nesta segunda, chegou a contar com a retirada de candidatura de outros três senadores –Major Olimpio (PSL-SP), Jorge Kajuru (Cidadania-GO) e Lasier Martins (Podemos-RS)– a favor de seu nome.

Em sua apresentação antes da eleição, Simone fez um discurso emotivo e disse que não tinha nada a oferecer aos colegas a não ser um trabalho coletivo. Destacou que não tinha emendas e cargos –numa referência indireta ao adversário, Rodrigo Pacheco, apoiado por Bolsonaro.

“Nosso barco tem a bandeira da independência institucional, pintada nas melhores cores da democracia”, disse ela.

Fonte: Reuters