Desde 2019, vem sendo discutida a ampliação do contrato de parceria para a realização de novos estudos

A Embrapa e o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) estenderam, até março de 2025, a cooperação técnica para novos estudos sobre pulverização aérea com produtos químicos e biológicos para o controle aéreo de pragas, em culturas voltadas à segurança alimentar e energética. Essa etapa inclui novos parceiros e tecnologias para a produção agrícola, como o uso de drones, além de aviões tripulados.

O foco será em quatro culturas – arroz, algodão, milho e soja – com três eixos de atuação: o controle da deriva (desvio que ocorre na pulverização em aplicação agrícola); a metrologia (qualidade e efetividade das medidas); e o controle de pragas (fundamental num país de clima tropical como o Brasil).

Para contribuir com a produção de alimentos e bioenergia nas plantações que utilizam a pulverização aérea, a nova etapa envolve oito centros de pesquisa da Embrapa, onde serão realizados desenvolvimentos e experimentos: Instrumentação (SP), Meio Ambiente (SP), Milho e Sorgo (MG), Cerrados (DF), Mandioca e Fruticultura (BA), Algodão (PB), Soja (PR) e Clima Temperado (RS),

A parceria também inclui as universidades federais de Lavras e de Uberlândia, a USP e o Instituto Federal de Primavera do Leste, além da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – para a construção de uma rede de inteligência que possa discutir a própria política pública do setor (sanidade vegetal).

Maior controle e menor impacto

“Estamos falando de um ambiente altamente complexo (não linear), que necessita uma ação de pesquisa para poder orientar um processo baseado em boas práticas, que tragam melhor resultado de controle e menor impacto ambiental e social ao próprio processo produtivo”, explica Paulo Cruvinel, pesquisador da Embrapa Instrumentação.

O coordenador técnico da Embrapa lembra que “não tem solução única para tudo”, por isso, serão testados sistemas adaptativos incluindo, junto às aeronaves agrícolas tripuladas, o uso de drones (não tripulados) com sistemas de pulverização, e controle terrestre. Serão utilizadas tecnologias avançadas de aprendizado de máquina, inteligência artificial e sensores inteligentes aplicados às realidades biológicas das pragas nas culturas.

Segundo Thiago Magalhães Silva, presidente do Sindag, nos próximos meses deve ocorrer a definição de projetos e a busca de recursos para as pesquisas e, a partir daí, a execução do cronograma em campo. No Brasil existem cerca de 2,3 mil aeronaves, a segunda maior frota aeroagrícola do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos (3,6 mil).

Dos gafanhotos à agricultura de precisão

O controle aeroagrícola de pragas no Brasil começou em 1947, por causa de uma praga de gafanhotos na região de Pelotas (RS). Já a parceria entre a Embrapa e o Sindag iniciou em 2008; entre 2013 e 2017 foi executado o projeto “Desenvolvimento da Aplicação Aérea de Agrotóxicos como Estratégia de Controle de Pragas Agrícolas de Interesse Nacional”, que entregou 92% dos resultados previstos dos estudos em lavouras de soja, arroz e cana-de-açúcar no Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

Na avaliação de Cruvinel, para o novo projeto a evolução tecnológica da indústria e da agricultura 4.0 aponta para o controle realizado por máquinas que operam coletivamente, e a aplicação localizada para o controle de pragas ou plantas invasoras, baseado nos conceitos de Agricultura de Precisão.

“Buscamos a otimização do melhor equipamento para a praga específica, empregando conhecimentos científicos e técnicos que precisam levar em conta o fator agronômico, o clima, o solo da região pesquisada, para garantir a que as culturas pesquisadas sejam cada vez mais competitivas”, finaliza o pesquisador.

Fonte: Embrapa