Em junho deste ano, o Governo do Estado do Paraná publicou o novo mapeamento de uso e cobertura da terra do estado, que oferece dados atualizados sobre a vegetação do Paraná e outros tipos de uso da terra em escala 1:25.000, com suas respectivas áreas. A Embrapa Florestas colaborou, junto com outros parceiros, na concepção, planejamento e aporte de conhecimentos para a realização desses trabalhos, que iniciaram em 2013, e foram coordenados pelo então Instituto de Terras, Cartografia e Geologia do Paraná – ITCG, hoje Instituto Água e Terra (IAT). 


As informações geradas pelo mapeamento serão fundamentais para o monitoramento periódico e planejamento relativos a questões ambientais e socioeconômicas, permitindo, também, a tomada de decisão, conforme a capacidade de suporte ambiental, diante dos diferentes métodos empregados na produção agropecuária no estado.


O início dos trabalhos
A equipe do Laboratório de Monitoramento Ambiental da Embrapa Florestas atuou desde o começo dos trabalhos, auxiliando inicialmente na análise exploratória do comportamento da resposta espectral de alvos, que é a forma e intensidade com que os objetos na superfície da terra – p.e., solo exposto, água, vegetação – refletem a luz incidente, em diferentes comprimentos de onda. A pesquisadora Maria Augusta Doetzer Rosot, da Embrapa Florestas, conta que já existiam algumas imagens de satélite à disposição para o estudo. O então ITCG solicitou a uma equipe multi-institucional – incluindo a Embrapa – para fazer a interpretação de imagens e analisar quais  seriam mais adequadas para a realização dos trabalhos.


O conjunto de imagens do satélite WorldView 2, com 2 metros de resolução espacial, adquiridas e disponibilizadas pela Copel, foi empregado para o mapeamento da maior parte do território paranaense. Para áreas em que as imagens apresentavam muita cobertura de nuvens ou outros problemas técnicos, foram adquiridas imagens do satélite Plêiades, também com 2 metros de resolução. O desenvolvimento do sistema metodológico foi feito em parceria com técnicos do Instituto Água e Terra, da COPEL, da UFPR, da Secretaria da Agricultura do Estado e do Instituto de Desenvolvimento Rural (Emater), que  trabalharam em conjunto com o Consórcio Araucária, contratado para a execução do mapeamento.


Acuracidade temática
Além de fazer parte da comissão que atuou nas questões metodológicas e burocráticas do mapeamento, a Embrapa aportou sua expertise especialmente na definição do método de avaliação da acuracidade temática. Nessa etapa verifica-se quão próximo da realidade observada no terreno está o mapa produzido. 


Para isso, foi utilizado o conjunto de procedimentos definidos no Manual de Avaliação de Acuracidade Temática, elaborado pela Embrapa com base em uma metodologia da FAO e utilizado nas Unidades de Amostra de Paisagem do Inventário Florestal Nacional (IFN-BR). “Nós achamos que seria importante que o mapeamento do Paraná usasse essa metodologia. Seguindo uma tendência adotada por organizações internacionais que se dedicam a mapeamento, os índices propostos consideram a proporção de área de cada classe mapeada, o que confere mais abrangência e robustez estatística ao método”, explica Rosot. Mais de 35 mil pontos interpretados visualmente sobre as imagens foram empregados na verificação da acuracidade temática.


Resultados e acesso ao mapeamento
Segundo informações do ITA, o mapeamento apresenta a vegetação em dois âmbitos: áreas de vegetação natural, representadas por campos, várzeas, manguezais, restingas e florestas nativas (Floresta Estacional Semi-Decidual; Floresta Ombrófila Mista; Floresta Ombrófila Densa, Aluviais, Submontana, Montana e Altomontana) e as áreas antrópicas agrícolas que englobam: pastagens; plantios florestais, incluindo espécies nativas (Araucaria angustifolia) e exóticas (Pinus spp e Eucalyptus spp) e sistemas agroflorestais; agricultura perene, incluindo frutíferas perenes (café, seringueira, banana) e agricultura anual (culturas de ciclo curto, como milho, trigo, soja, tubérculos e hortaliças). Cerca de 93% da superfície coberta por florestas nativas no Paraná encontram-se na área de domínio do Bioma Mata Atlântica.

Fonte: Embrapa Florestas