Quem cultiva grãos em área de topografia acidentada conhece bem o drama da erosão. A boa notícia é que essa preocupação está aos poucos ficando no passado dos agricultores do Oeste Catarinense, região onde é comum produzir alimento nessas condições. Com ajuda da Epagri, os produtores estão implantando diferentes práticas para o manejo e a conservação do solo, com destaque para o terraceamento agrícola. Com recursos do Programa SC Rural, em 2016 cerca de 200 famílias e 50 técnicos da região foram capacitados para implantar esse sistema.

Os terraços agrícolas são estruturas de terra semelhantes a lombadas no meio da lavoura, construídos ao longo das curvas de nível. Eles atuam como uma barreira física contra o deslocamento da água na orientação do declive, prevenindo e controlando a erosão hídrica. Ao promover maior infiltração de água no solo, os terraços evitam o arraste das partículas minerais e da matéria orgânica, preservando a fertilidade do solo. Outra vantagem é deixar as plantas menos suscetíveis em períodos de estiagem.

Juntamente com o terraceamento, outras práticas são preconizadas pela Epagri para a conservação do solo. O objetivo é que ele tenha cobertura durante o ano todo, e assim fique protegido do impacto direto das gotas de chuva, pois são elas que promovem a desagregação das partículas de solo e dão início ao processo de erosão. Algumas dessas práticas são o plantio direto, a rotação de culturas e a adubação verde.

Além disso, a produção constante de biomassa propicia a manutenção dos níveis de matéria orgânica do solo que atua, diretamente, na capacidade de armazenamento de água. A partir da integração desses sistemas conservacionistas de produção é possível manter a produtividade de grãos e a conservação do solo e da água. Tudo isso beneficia a atividade agrícola na região e o mais importante: ajuda a manter as famílias na área rural.

Fim da erosão na lavoura
O agricultor Carlos Adão Zarembski, que vive no município de São Domingos, encontrou nos terraços agrícolas a solução para controlar a erosão nas lavouras de soja e milho, que ele cultiva em sucessão às culturas de inverno, como o trigo e a aveia. A degradação do solo já estava comprometendo a fertilidade da área e reduzindo a produtividade dos grãos. Até que o produtor concluiu o curso superior de Gestão Ambiental e os conhecimentos da faculdade reforçaram a necessidade que ele tinha de implantar práticas mais sustentáveis na propriedade de 30 hectares.

Com assessoria da Epagri, em 2016 Carlos construiu oito terraços de base larga em 15 hectares. A técnica foi implantada após a avaliação da área pelos técnicos da Empresa e a demarcação das curvas de nível. “Antes a água corria na lavoura. O barro que formava afundava caminhão. Agora percebo como a água entra com mais facilidade no solo”, comemora o agricultor, que afirma não ter sentido os efeitos da estiagem do último verão. Além dos terraços, ele também aplica outras práticas de manejo e cobertura do solo para o controle da erosão, como o plantio direto.

Os resultados foram tão bons que, em 2016, a propriedade serviu como unidade didática de treinamento para os técnicos da Epagri do Oeste Catarinense. O próximo passo será transformá-la em uma Unidade de Referência Tecnológica (URT) da Empresa. Assim, poderá receber recursos para que sejam feitas pesquisas mais aprofundadas a respeito das práticas implantadas por lá.

Fonte: Epagri