A França impôs um toque de recolher enquanto outros países europeus estão fechando escolas, cancelando cirurgias e alistando estudantes de medicina, à medida que as autoridades do continente enfrentam o pesadelo de uma nova onda de Covid-19 com a chegada do inverno. 

Com uma média diária de novos casos girando em torno de 100 mil, a Europa ultrapassou por uma ampla margem os Estados Unidos, onde mais de 51 mil novas infecções por Covid-19 são reportadas em média todos os dias. 

Diante da disparada de casos na França, o presidente Emmanuel Macron anunciou a imposição de toque de recolher noturno por quatro semanas a partir do próximo sábado em Paris e em outras grandes cidades, afetando quase um terço da população do país de 67 milhões de pessoas. 

“Precisamos reagir”, disse Macron em entrevista televisiva, afirmando que a França ainda não havia perdido o controle do vírus, mas acrescentando: “Estamos em situação preocupante”. 

A maioria dos governos europeus aliviou as quarentenas durante o verão para restabelecer suas economias, que foram prejudicadas pela primeira onda da pandemia do coronavírus. 

Mas o retorno às atividades normais –desde restaurantes lotados a semestres de aulas em universidades– alimentou um surto agudo de novos casos em todo o continente. 

Bares e restaurantes foram os primeiros a serem fechados ou enfrentarem horários reduzidos de acordo com as novas medidas de lockdown, mas a escalada dos números de infecções também está testando as resoluções dos governos para manter o funcionamento das escolas e dos cuidados médicos não relacionados ao coronavírus. 

Até o papa Francisco foi submetido às novas regras do coronavírus, se mantendo distante de fiéis que acompanharam sua audiência semanal nesta quarta-feira. 

Em Lisboa, torcedores não ficaram surpresos após o capitão da seleção portuguesa de futebol, Cristiano Ronaldo, testar positivo para o vírus, dizendo que isso apenas mostra que todos passam por risco de infecção — e atletas famosos não são uma exceção. 

A República Tcheca, que tem a pior taxa per capita de casos no continente, decretou que as escolhas devem funcionar apenas com o ensino à distância e agora avalia convocar milhares de estudantes de medicina. Hospitais também estão cancelando os procedimentos médicos eletivos para liberar mais leitos para o tratamento de pacientes da Covid. 

“Às vezes estamos à beira das lágrimas”, disse Lenka Krejcova, enfermeira-chefe do hospital Slany, próximo a Praga, enquanto construtores trabalham com pressa para transformar a seção de atendimentos gerais em um departamento para o tratamento do vírus. 

A Polônia está intensificando o treinamento para enfermeiras e avalia a criação de hospitais militares de campanha. Moscou deve mandar mais alunos para o ensino online, e a Irlanda do Norte está fechando as escolas pelas próximas duas semanas e os restaurantes pelas próximas quatro.

Fonte: Reuters