Após terem recuado em 2016 frente ao ano anterior, as exportações brasileiras do agronegócio se recuperaram e atingiram volume recorde em 2017, segundo indicam pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. O impulso veio, principalmente, dos embarques de milho e de soja, que, por sua vez, foram favorecidos pela supersafra brasileira. Além dos grãos, as exportações de carne bovina também ajudaram no desempenho, mesmo em ano crítico para o setor.

Cálculos do Cepea mostram que, de janeiro a dezembro de 2017, comparativamente ao mesmo período de 2016, o volume exportado pelo agronegócio brasileiro aumentou 14% e os preços em dólares recebidos pelos exportadores do setor, 3,8%. Com isso, o faturamento em dólar do setor cresceu 12%, fechando em US$ 96 bilhões – em 2016, havia caído 3,6%. Em Reais, o faturamento subiu 4%, devido à valorização da moeda nacional frente a dos principais parceiros comerciais do Brasil. Essa alta do Real, no entanto, reduziu a atratividade das vendas externas do agronegócio, em 3,3% no ano, mas o aumento dos preços em dólar compensou parte da perda com o câmbio.

A China segue como principal destino das exportações dos produtos do agronegócio brasileiro e tem aumentado sua participação nos últimos anos. De acordo com levantamento do Cepea, em 2017, a participação chinesa foi de 28,2% e ficou acima da observada em 2016. A soja em grão continua sendo o principal produto das compras, com o país asiático adquirindo 79% de toda oleaginosa exportada pelo Brasil nesse ano. A Europa também é um destino importante para os produtos brasileiros, ficando na segunda posição. Os países da Zona do Euro compraram 16% do volume total do agronegócio brasileiro em 2017, percentual que continua se reduzindo ano a ano, cedendo espaço para a China. Os Estados Unidos, por sua vez, são o terceiro destino das exportações do agronegócio brasileiro, e tem mantido sua participação próxima de 7% nos últimos anos.

Segundo pesquisadores do Cepea, a participação do agronegócio nas exportações totais do País foi de 44% e ficou um pouco abaixo da participação de 2016. Ainda assim, enquanto o saldo comercial dos outros setores ficou negativo em quase US$ 15 bilhões em 2017, o superávit gerado pelo agronegócio foi superior a US$ 81 bilhões no ano, mais que compensando toda saída de moeda estrangeira (dólar) do País. Nesse cenário, a balança comercial brasileira fechou 2017 com superávit superior a US$ 66 bilhões.

2018 
A expectativa para este ano é que a produção agropecuária brasileira fique um pouco abaixo da obtida em 2017, segundo a Conab, mas isso não deve pressionar as cotações, visto que os estoques dos produtos agrícolas estão elevados, tanto no Brasil como no mundo. Do lado da demanda, um crescimento mais acelerado e sincronizado da economia mundial deve manter a procura firme, o que seria bom para o setor exportador do agronegócio brasileiro.

Em ano de eleições, o câmbio pode registrar elevada volatilidade – e, evidentemente, desvalorizações podem favorecer exportadores. Ainda há riscos de restrições ao comércio por parte de importantes parceiros comerciais do País. Mesmo em um ambiente de incertezas tanto em relação ao futuro da economia mundial quanto em relação ao ambiente doméstico, fica a expectativa para que o agronegócio mantenha-se em alta em 2018.

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Fonte: Cepea/Esalq