A exportação de soja do Brasil no acumulado do mês até a terceira semana de março ganhou ritmo nos últimos cinco dias úteis, elevando a média diária exportada para 479,2 mil toneladas, de acordo com dados divulgados nesta segunda-feira pelo governo, em momento em que o mercado global foca suas atenções em eventuais problemas logísticos que possam afetar o escoamento de uma safra recorde.

Até a segunda semana de março, a exportação do Brasil, maior exportador e produtor global de soja, havia registrado média diária de 429,3 mil toneladas, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

No acumulado de março, os embarques da oleaginosa brasileira somaram 7,2 milhões de toneladas, já acima das 5 milhões de toneladas de fevereiro completo –quando chuvas atrasaram o escoamento ainda no início da colheita.

A média diária dos embarques em março, até o momento, indica que a exportação de soja do Brasil deverá superar o total registrado no mesmo mês do ano passado, quando o país embarcou cerca de 8,5 milhões de toneladas.

Em março, tradicionalmente os embarques de soja do Brasil ganham maior ritmo, mas a expectativa cresceu após os atrasos em fevereiro e também por conta das preocupações em torno do coronavírus, que até o momento não se traduziram em menor demanda pelo produto brasileiro, ainda que existam preocupações com interrupções no escoamento, fruto de medidas para conter a doença.

“O setor de soja é um ganhador, sem dúvida, continua fluindo igual, o produtor está com preços melhores ainda (por influência do câmbio), muita comercialização, muita demanda… Não sei se tem um ganhador nesta situação de coronavírus, mas uma das indústria menos afetadas é a de grãos”, afirmou à Reuters o presidente da negociante de grãos AgriBrasil, Frederico Humberg.

Ele disse ainda que o setor está monitorando bem os riscos logísticos, mas não acredita que problemas significativos serão registrados para o escoamento da safra.

Nesta segunda-feira, foi cancelada uma assembleia de estivadores no porto de Santos, marcada para avaliar uma greve por melhores condições de trabalho diante das preocupações com o coronavírus. Na China, o mercado futuro de farelo de soja atingiu limite diário, pela oferta apertada e preocupação com o escoamento da safra sul-americana.

No que tange a preocupações logísticas, o setor de soja ainda enfrenta questões como um decreto municipal em Rondonópolis, importante polo agroindustrial e logístico de Mato Grosso, que determinou o fechamento de todos os serviços não essenciais e ordenou a suspensão de operações nas indústrias locais, em resposta à crise de coronavírus.

Fonte: Reuters