A alta dos preços da soja registrada nas últimas semanas vem gerando dúvidas no produtor sobre o melhor momento para vender seus lotes. Na avaliação do analista da T&F Consultoria Agroeconômica, Luiz Fernando Pacheco, a chave para as perspectivas dos preços da soja em 2018 está na Argentina.“Os preços e a lucratividade da soja já tiveram boas evoluções neste mês de fevereiro, por conta da seca na Argentina. Este país é importante no mercado internacional porque é o maior exportador de farelo e de óleo de soja e o terceiro maior exportador de soja em grão”, explica o especialista.

De acordo com ele, uma quebra como a deste ano, de 9 milhões de toneladas (caindo de 56 milhões de toneladas produzidas em 2016/17 para 47 MT projetadas para 2017/18) já admitidas pela Bolsa de Cereales de Buenos Aires, pode desequilibrar o quadro de oferta e demanda mundial destes produtos. Isso traria reflexos sobre a demanda no Brasil e nos EUA, por exemplo, onde os preços estão subindo por conta disto.

“Ocorre que a discussão sobre a produção final ainda não terminou e a quebra pode ser maior. Há alguns analistas que falam em 45 MT, outros 44 MT. O principal meteorologista da BCBA (Bolsa de Cerais de Buenos Aires) afirmou que, se o estresse das plantas continuar, a safra não deverá passar de 40MT”, afirma Pacheco.

Ele ressalta ainda que, como a colheita da soja na Argentina só estará completa em abril, talvez meados de maio, só então se terá a confirmação (ou não) destes dados. Além da Argentina, o mercado também vai ficar na dependência dos EUA. Em maio haverá o anúncio das intenções de plantio, que ocorrerá só em setembro e, até lá, a dependência do que poderá acontecer com a safra americana será igualmente dramática.

“Finalmente, neste ano de eleição, para onde irá o dólar? Pouco provável que caia, mas, até onde poderá subir? A T&F Consultoria vem falando que haverá picos durante o ano (maiores a partir de julho, quando se acirrarem as disputas das eleições e não uma alta contínua), que deverão ser aproveitados para a fixação do dólar no mercado futuro da B3 (ex-BMF), assim como se deverá aproveitar os picos de Chicago para fixar os preços do mercado de lotes. Por conta destas incertezas, há um mundo de especulações no mercado”, pontua o analista da T&F.

“Já existe uma boa lucratividade apresentada pela soja até este momento, como mostramos no texto anterior. Então, a recomendação é vender nos preços de mercado até o final de maio algo como 40% do que o produtor espera colher, para garantir o ressarcimento dos investimentos e custos feitos na lavoura. Sobrarão, portanto, 60% dos lotes para serem negociados à medida que os preços subirem”, conclui.

Fonte: Leonardo Gottems – Agrolink