Referência em planejamento estratégico do agronegócio, o professor Marcos Fava Neves alerta para o “risco” da tomada de decisões de compras neste momento de Dólar alto. De acordo com o especialista, a situação da soja e do milho se complicou mais pela redução dos preços em Chicago e em Reais no Brasil, bem como a redução de volumes vendidos graças à crise chinesa, maiores custos do frente e outros problemas.

“Fora o risco, que deve ser considerado e contornado, de se comprar os insumos da próxima safra com um câmbio a 4 reais e vender os produtos com o real mais valorizado no início de 2020, no caso de aprovação das reformas. Muito cuidado!”, aponta Fava Neves, que é professor titular das Faculdades de Administração da USP, em Ribeirão Preto, e da FGV, em São Paulo.

Além disso, ele destaca os cinco principais pontos que requerem atenção neste mês de maio:

1) acompanhar a conclusão da segunda safra de milho;

2) a evolução da gripe suína africana na China e os impactos listados acima;

3) o acordo comercial China e EUA;

4) andamento do plantio da safra americana, áreas plantadas com cada cultura e os impactos climáticos, e;

5) do lado Governamental, o caminhar (ainda lento) das reformas no Brasil, o Plano Safra 2019/20 e as ameaças de maior tributação que pairam sobre o agronegócio, sejam em Estados como na Federação.

“Penso que para chegarmos aos US$ 100 bilhões em exportações outra vez neste ano precisaremos de boas surpresas em outros setores, principalmente nas carnes e milho, pois na soja repetir os quase US$ 41 bilhões será um desafio quase que impossível, pelos menores preços e menor demanda chinesa. A Abiove estima valor das exportações próximo a US$ 33 bilhões, com cerca de 70 m.t. (13,5 milhões a menos), impactados com a volta da Argentina (perdeu muita soja com seca no final da safra do ano passado) e um possível acordo EUA e China”, comenta.

“A nova estimativa do valor bruto da produção (VBP) de 2019 é de R$ 588,8 bilhões, aumento de 0,8% em relação à estimativa anterior. Devemos ter R$ 392,4 bilhões para as 21 lavouras e R$ 196,4 bilhões para as cinco cadeias da pecuária. Para o Plano Safra 2019/20 a CNA pediu ao Governo, entre outras solicitações menores taxas de juros nas linhas de crédito do custeio (redução de 0,5% em média), programa de subvenção para o seguro rural”, conclui Marcos Fava Neves.

Fonte: Agrolink