O papel fundamental da vigilância ativa para a evolução e manutenção do status sanitário do Rio Grande do Sul para zona livre de febre aftosa sem vacinação foi destacado no Fórum Estadual de Vigilância contra a Febre Aftosa, transmitido em formato online nesta quinta-feira (3). O evento abordou as medidas que estão sendo executadas para o reconhecimento internacional do Rio Grande do Sul como zona livre da doença sem vacinação e as perspectivas de mercado para o setor produtivo da carne.

“Este fórum é um compromisso assumido pelo Rio Grande do Sul, para sanar quaisquer dúvidas sobre a retirada da vacinação da febre aftosa. Inclusive, todo o processo para a evolução do status sanitário foi baseado em diálogo constante, entre o governo e o setor produtivo, pois acreditamos que o produtor é o elo forte para a manutenção desse status”, frisou o secretário Covatti Filho, na abertura do evento.

Entre as medidas tomadas pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) na busca pela retirada da vacinação, o secretário destacou a realização de 40 fóruns e seminários regionais junto aos produtores, além da reestruturação da defesa agropecuária no Estado, com contratação de 150 auxiliares administrativos para as inspetorias e escritórios locais e aquisição de 100 novos veículos. “São ações que qualificam nossa atuação, modernizam o serviço e liberam os servidores para as atividades de campo, de fiscalização e vigilância”, complementa.

Para reforçar a vigilância nas regiões de fronteira, a Seapdr opera o Programa Sentinela, em parceria com o Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa). Desde julho, os agentes do programa já percorreram mais de 16 mil quilômetros de estradas, realizando ações de fiscalização e educação sanitária. “Focar nas áreas de fronteira nos traz segurança para o avanço sanitário”, conclui Covatti.

Andamento e acompanhamento do Plano Estratégico
As ações para a busca do status sanitário de zona livre de aftosa sem vacinação fazem parte de um plano estratégico maior, traçado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que prevê a conquista deste status em todo o Brasil até 2026. A diretora do Departamento de Defesa Agropecuária da Seapdr, Rosane Collares, apresentou o andamento do plano estratégico no âmbito do Rio Grande do Sul.

“Desde 2017, o Estado vem se preparando para a retirada da vacinação, com workshops e seminários de sensibilização, construção de uma matriz de vulnerabilidade que é pioneira no país em avaliação de risco, um sistema de defesa sanitária informatizado, fortalecimento da vigilância em fronteira com o Programa Sentinela e realização de 17 mil inquéritos epidemiológicos, em 330 propriedades”, enumerou.

Ao abordar a criação de canais de comunicação para notificação por WhatsApp, a diretora destacou a importância da vigilância ativa e da participação do setor produtivo: “O sucesso no controle de qualquer evento sanitário está na identificação precoce, então a vigilância ativa é fundamental. Por isso contamos com a parceria dos produtores, para que utilizem os canais de comunicação para notificação de qualquer enfermidade”.

O presidente do Fundesa, Rogério Kerber, detalhou as ações do setor privado no planejamento estratégico para a retirada da vacina contra a febre aftosa. Por meio do fundo de desenvolvimento, foi possível realizar investimentos nas inspetorias e escritórios de defesa agropecuária, reestruturar postos fixos de divisa, produzir materiais informativos, direcionar recursos para que os laboratórios do Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor (Ipvdf) garantissem a acreditação pelo Inmetro e o credenciamento junto ao Mapa. “Temos que ter um fortalecimento das nossas ações com relação à vigilância sanitária, e o Fundesa sabe do seu desafio”, finalizou.

O fiscal federal agropecuário Gabriel Torres, auditor do Mapa, palestrou sobre a importância da vigilância para detecção precoce da doença, de forma a conter seu avanço e proteger o status sanitário conquistado.

Perspectivas comerciais
O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (Abpa), Ricardo Santin, destacou que a retirada da vacinação propiciará abertura de mercados internacionais para a carne suína produzida no Rio Grande do Sul. China (carne com osso), Japão, EUA e Coreia do Sul são os maiores importadores mundiais de carne suína a exigirem status de livre de febre aftosa sem vacinação.  “A China, por exemplo, teve queda expressiva na suinocultura por causa da peste suína africana, e a recuperação para níveis antes da peste está prevista apenas para 2025. Então, o acesso a esses mercados possibilitará um boom na suinocultura do Rio Grande do Sul”, projeta.

O secretário adjunto de Defesa Agropecuária do Mapa, Márcio Rezende Evaristo Carlos, abordou os aspectos burocráticos que se seguem à evolução do status sanitário, demonstrando os passos seguintes para a abertura dos mercados: primeiro, há uma solicitação formal do governo brasileiro e, em seguida, o país abordado pedirá informações adicionais. Uma vez preenchido os requisitos sanitários, o país em cujo mercado se deseja ingressar enviará uma equipe para conduzir uma auditoria in loco de avaliação. “É importante lembrar que os reflexos da retirada da vacinação não são observados de imediato”, ponderou.

Em suas conclusões, Márcio afirmou que o produto que mais se beneficiará com a mudança do status será a carne suína, mas que a cadeia de bovinos também terá acesso a mercados com preços mais altos.

Fonte: Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr)