O fraquíssimo desempenho do frango (vivo a abatido) nas últimas semanas deve ser atribuído à retração do consumidor final ou ao aumento de oferta a esse consumidor?

A resposta, está claro, se encontra na oferta, que aumentou de forma expressiva desde que o isolamento social se generalizou pela maior parte do País, impondo o funcionamento, apenas, das atividades econômicas consideradas essenciais. Mas – outra pergunta – de quanto vem sendo o aumento de oferta?

Uma boa referência quanto a esse volume adicional é encontrada em um novo indicador da POF 2017/2018, divulgado pelo IBGE no início do mês. Ou seja: conforme esse novo indicador, no biênio mencionado o consumo domiciliar de carne de frango ficou próximo dos 12,240 kg per capita anuais.

Ocorre, aqui, que o consumo global daquele biênio – pelas projeções do próprio setor – superou os 40 kg per capita anuais. E se assim foi, o consumo domiciliar correspondeu a cerca de 30% do total, distribuindo-se os 70% restantes (ou a maior parte) no que poderíamos chamar – muito simplificadamente – de “food service” – tudo o que é consumido fora do domicílio (inclusive a merenda escolar) ou chega ao domicílio através de outras apresentações.

Pois é esse segmento que se encontra, senão totalmente, quase todo paralisado. E o que recebia está sendo redirecionado para o único canal de consumo que permanece aberto: o domiciliar. Que, naturalmente, jamais terá condições de absorver os (cerca de) dois terços adicionais que ora lhe vem sendo disponibilizados.

Esse parece ser o desafio do momento. Um desafio que, tudo indica, somente será superado quando a atual pandemia for vencida e a economia voltar a caminhar normalmente

Fonte: AviSite