O futuro ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou na sexta-feira (21) que, no próximo governo, a política externa brasileira vai incentivar as negociações para ampliar o comércio e o agronegócio de forma “ativa e sistematicamente”. Ele criticou duramente a conduta adotada pelos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

“Nos governos petistas, o Itamaraty foi a casa do MST [movimento dos trabalhadores sem terra]. Agora estará à disposição do produtor”, disse o futuro chanceler em sua conta no Twitter. Ele fez 12 postagens sobre o tema na sexta-feira.

Araújo acrescentou que o objetivo é construir um novo momento para o país. “A pujança agrícola será parte do projeto de engrandecimento do Brasil. Ao mesmo tempo, a projeção de um país confiante, grande e forte servirá ainda mais aos interesses da agricultura.”

Sem antagonismos

Na série de tuítes, Araújo condena o discurso sobre o antagonismo entre os incentivos ao agronegócio e a preservação ambiental. Segundo ele, o Itamaraty e o Ministério da Agricultura trabalharão juntos. O futuro chanceler também destacou que a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimento (Apex) será redirecionada.

“Querem jogar a agricultura contra os ideais do povo brasileiro? Não conseguirão. O trabalho incansável, a fé, a inventividade, o patriotismo dos agricultores são a própria essência da brasilidade.”

Segundo Araújo, o governo brasileiro vai defender o produtor rural e não colocá-lo como adversário do meio ambiente. “Defenderemos o produtor brasileiro nos foros internacionais, da pecha completamente falsa de ser agressor do meio ambiente. O produtor agrícola brasileiro contribui para a preservação ambiental como em nenhum outro lugar do mundo.”

Orientações

O futuro chanceler afirmou também que será criado um departamento específico no Ministério das Relações Exteriores para cuidar dos temas relativos ao agronegócio.

“Estamos criando no Itamaraty um Departamento do Agronegócio para trabalhar junto com o Ministério da Agricultura na conquista de mercados internacionais. Daremos ao agro a atenção que no MRE [Itamaraty] ele nunca teve.”

Ele acrescentou que orientações serão transmitidas às representações do Brasil no exterior para dar mais atenção ao agronegócio. “Orientaremos as embaixadas a promover os produtos agrícolas brasileiros ativa e sistematicamente. A Apex será direcionada no mesmo sentido.”

Para Araújo, a forma como são conduzidas certas negociações não gera resultados positivos para o Brasil. “Algumas negociações comerciais em curso são ruins para a agricultura. Vamos reorientá-las em benefício dos produtores brasileiros.”

Identificação

De acordo com o futuro chanceler, há uma identificação entre o meio rural e as propostas do governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro. “O setor produtivo agrícola identifica-se profundamente com os valores da nação e os defende, tanto que apoiou e apóia maciçamente [presidente eleito Jair] Bolsonaro. Mas o establishment da velha política e da velha mídia quer usar o agro como pretexto para reduzir o Brasil a um país insignificante.”

Segundo Araújo, nos últimos governos não foram fechados acordos comerciais relevantes. “Nesses longos anos sem ideais e sem identidade, não fechamos nenhum acordo comercial relevante. Isso mostra que não é pela autonegação ou pela adesão automática aos cânones do globalismo que o Brasil conquistará mercados, mas pela autoconfiança e pelo trabalho.”

O futuro chanceler acrescentou que o Brasil quer ir além da exportação de frango, soja, carne e açúcar. “Nova política externa: o Brasil não deixará de exportar frango e soja, carne e açúcar, mas passará a exportar também esperança e liberdade. O fato de ser uma potência agrícola não nos proíbe de ter ideais e de lutar por eles.”

Fonte: Agência Brasil