Além dos prejuízos causados com os 10 dias de paralisação do transporte rodoviário no final de maio, agora o setor produtivo alerta para o aumento nos custos de produção em decorrência da majoração na tabela de fretes. Para o Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), este impasse causado com o tabelamento do frete, provocou um estrangulamento do transporte de insumos agrícolas básicos, colocando em risco a produtividade no campo. Um exemplo é o setor de fertilizantes, onde 75% do insumo principal é importado e boa parte está parada no Porto de Paranaguá esperando por transporte rodoviário.

Nesta terça-feira (19/06), segundo informações de alguns importadores, 18 navios aguardam na fila em Paranaguá à espera de desembarque de fertilizantes. Todos parados devido à falta de definição em relação ao valor do frete para que os caminhões transportem o produto ao interior. Até o final de junho, deverão chegar mais navios com fertilizantes, com capacidade de 25 mil toneladas cada, totalizando cerca de 1,9 milhões de toneladas a serem desembarcadas até julho. No ano passado foram importados por Paranaguá, 8,5 milhões de toneladas de fertilizantes que abasteceram lavouras do Paraná, Paraguai e de outros estados produtores.

Os armazéns das empresas importadoras no Porto de Paranaguá já estão tomados e sem perspectiva de escoamento até que se chegue a uma definição em relação ao impasse sobre os valores dos fretes. Cada navio parado tem um custo para o importador (demurrage) de US$ 15 mil por dia. Multiplicando por 18 navios parados, este valor chega à casa de US$ 270 mil/dia, ou seja, mais de R$ 1 milhão/dia que deverão ser repassados aos produtores e consumidores, com aumento nos custos de produção e dos alimentos.

Baixa produtividade

Para José Roberto Ricken, presidente do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), todo este insumo já deveria estar na região produtora a disposição dos agricultores para que possam se planejar para o início do plantio da safra de verão (agosto de 2018). “Corremos o risco de grande parte dos produtores não conseguirem utilizar a tecnologia adequada o que poderá impactar na produtividade para a próxima safra”, ressalta.

Ricken cobra das autoridades uma solução urgente ao impasse criado após as constantes mudanças ocorridas na tabela de fretes e que vem ocasionando a estagnação no setor. “No caso específico dos fertilizantes, a situação se agrava ainda mais pelo fato que todo este insumo tem que chegar, em até 60 dias, no interior do País”. Segundo ele, “apenas 45% das cargas estão sendo transportadas e essa demora acarretará consequências incalculáveis, pois o campo, como os demais setores produtivos, depende de planejamento, sem isso é prejuízo na certa e com reflexos diretos para economia brasileira”, alerta o dirigente cooperativista.

Fonte: Ocepar