Presidente da entidade afirma que não há escassez do insumo no país, e que importações estão sendo realizadas por questões de preço

Com os preços do milho no mercado brasileiro ultrapassando os três dígitos por saca de 60 quilos em algumas regiões do país, integradoras de aves e suínos têm buscado o insumo no mercado externo como estratégia para reduzir os custos de produção e manter a competitividade da proteína animal.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, a expectativa após coleta de dados junto aos associados da entidade é de que as importações do cereal subam 76,5% este ano em comparação a 2020, chegando ao montante de 2,42 milhões de toneladas.

“Nós da ABPA confiamos na ministra (da Agricultura), Tereza Cristina de que não vai faltar milho. Não há problema de escassez, e sim de disponibilidade de milho, já que muitos produtores estão segurando o insumo. Portanto, as importações são por conta dos atuais patamares de preço, e não por falta do cereal”, afirmou.

Segundo o indicador do milho do Centro de Estudos Avançados em Economia aplicada (Cepea) Esalq BM&F/Bovespa, nos últimos 12 meses a saca de 60 quilos de milho passou de R$ 60,06 para R$ 99,75, aumento de mais de 66%.

“O milho vindo de países do Mercosul, como Paraguai e Argentina, por exemplo, chegam nos portos brasileiros a cerca de R$ 80,00 e poucos reais, então a paridade está muito favorável para importação destes países”, disse.

Entretanto, Santin afirma que essa estratégia de importar sem taxas o milho dos países vizinhos ao Brasil é vantajosa somente às empresas processadoras de carne que atuam no sistema deawback, ou seja, que consigam provar que o milho importado “se tornou” carne a ser exportada.

“Isso pode contribuir, inclusive, para a manutenção da competitividade das proteínas animais brasileiras no mercado externo, uma vez que os custos de produção estão aumentando também nos países que são nossos concorrentes”, pontuou.

Santin aposta também na equalização da oferta de milho no país, colocando frente a frente as perdas contabilizadas nesta safrinha devido às intempéries climáricas, e a diminuição das exportações do milho brasileiro, uma vez que o valor de venda no mercado interno está mais atrativo. Apesar disso, ele não acredita que os preços no mercado interno devam ceder.

As importações do cereal, conforme o presidente da ABPA, devem seguir até, pelo menos, julho do ano que vem, com a entrada do milho safrinha 2022. “Lembrando que além do milho, há empresas que também estão aproveitando cereais de inverno, como o trigo, por exemplo, para substituir nas rações”, conta.

Fonte: Notícias Agrícolas