Marcelo Lara, colunista do suino.com

Reconhecer o produtor rural como um aliado da sociedade para trabalhar a sustentabilidade é um desafio a ser perseguido. Validar os Cadastros Ambientais Rurais e atender o Código Florestal vão dar segurança jurídica para o país. Combater o desmatamento ilegal é um desafio permanente. A sociedade precisa valorizar o ativo ambiental.

Conquistar novos mercados e melhorar a imagem do agronegócio brasileiro passam por uma transição de apagar o incêndio que foi estimulado no mercado internacional até mesmo por brasileiros que acabam fazendo campanha contra a produção do nosso país, dando um tiro no pé em todos os sentidos, desde provocar perdas econômicas como de tirar o Brasil do protagonismo quando se fala em produzir e preservar com tecnologia de ponta.

Claro que o caminho está em construção, mas vamos dar crédito para todos os levantamentos técnicos feitos nos últimos anos que comprovam a produção sustentável. Os números dos desmatamento precisam ser olhados com uma lupa para mostrar onde exatamente estão e quem de fato é o criminoso. A mudança do cenário político pode se tornar uma ótima oportunidade para darmos a resposta correta para o mundo quando os países que são nossos concorrentes fizerem acusações de forma grotesca sem base científica.

Além da parte interna, fazendo o dever de casa, fortalecendo a defesa sanitária, melhorando a comunicação, estruturando o Ministério do Alimento e do Desenvolvimento Rural, já adotando a postura de unir todos os produtores, independentemente do tamanho da propriedade, e incluir os consumidores. A única preocupação com essa mudança é a questão burocrática do nome que vai dar trabalho para alterar em todos os contratos e papéis: a nomenclatura que deixa de ser Mapa.

O respaldo maior que vejo nesta virada de mesa no que diz respeito ao papel do Brasil no cenário mundial vem do Itamaraty. O que gera polêmica e prato cheio para a mídia é a postura de trabalhar com a sinceridade e objetividade que não estávamos acostumados. São respostas diretas que antes vinham cheias de tratamento do politicamente correto.

Claro que tudo vai ser dosado conforme o andar da carruagem. Com o anúncio do Ministro de Relações Exteriores do governo Bolsonaro, Ernesto Araújo, de criar o departamento do Agronegócio no Itamaraty, passamos para uma nova fase no trato com um dos pilares da econômica brasileira.

O Ministro, como já faz parte da postura de todos os membros do novo governo, não deixa por menos e destaca no Twitter:

“Alguém acha que um país sem voz e sem opinião própria será algum dia um país próspero? Não adianta ganhar o prêmio de redação da ONU, não é isso que abre mercados nem cria empregos. Reconhecendo isso, estamos criando no Itamaraty um Departamento do Agronegócio para trabalhar junto com o Ministério da Agricultura na conquista de mercados internacionais. Daremos ao agro a atenção que no MRE ele nunca teve”.

Pela nova indicação, as negociações comerciais que não forem do interesse do Brasil que produz vão ser reorientadas. As embaixadas já estão sendo orientadas para promoverem os produtos agrícolas sistematicamente e a APEX terá um papel ainda mais importante neste processo. A oportunidade de mostrar e provar por “A” mais “B” que o S de sustentabilidade faz parte do currículo e da estratégia dos produtores brasileiros. Precisamos ter cada vez mais informações confiáveis sobre o setor e preparar quem vai na ponta negociar o agronegócio brasileiro para evitar a concorrência desleal do mercado internacional.

Cumprindo o código florestal, já é um dos maiores exemplos de práticas sustentáveis do mundo. Missão primordial: preparar quem vai na ponta negociar o agronegócio brasileiro para evitar a concorrência desleal do mercado internacional.