Em 2019, o mercado de suínos do Brasil foi diretamente beneficiado pelo surto de peste suína africana na China, que dizimou boa parte do rebanho chinês. Mal iniciou 2020, o país asiático já enfrentava outro surto, dessa vez em humanos. O COVID-19 se alastrou pelo mundo, causando milhares de mortes e derretendo mercados.

Os primeiros casos do COVID-19 no Brasil foram diagnosticados em meados de fevereiro. De lá para cá, o vírus vem causando impactos sem precedentes. Afeta a saúde, a economia e o ânimo do consumidor. A parada das atividades por conta do coronavirus afetou a maioria dos negócios no país. Com a garantia governamental de continuar produzindo, o agronegócio segue com a missão de conduzir a locomotiva, mais do que isso, está sendo essencial para manter a comida na mesa do brasileiro.

Apesar de dificuldades na logística, o suinocultor continua produzindo e a indústria abatendo. O país segue exportando. No entanto, o mercado consumidor sofre oscilações, com o temor de que a pandemia se espalhe e a restrição nos orçamentos.

O diretor-executivo da ABPA – Associação Brasileira de Proteína Animal, Ricardo Santin, afirmou que a crise está alterando os hábitos de consumo, mas que não teve impacto significativo nem sobre a demanda doméstica, nem sobre a procura por exportações. “Estamos conscientes que o período pode ser complicado. Todas as empresas têm seus planos de contingência”, acrescentou.

Com relação às exportações, Santin disse que os volumes diários de embarques de carnes suína e de aves nos 10 primeiros dias de março indicaram que os números das exportações serão fortes, em linha com o mesmo mês do ano passado. “Países como a China seguem lidando com doenças que afetam animais, como a peste suína africana e a gripe aviária, o Brasil continuará a se beneficiar das fortes importações de alimentos pela Ásia, afirmou ele.

Para o Rabobank, a epidemia na China asiático traz mais incerteza e volatilidade ao mercado. A peste suína africana deve continuar apertando a oferta de suínos na Ásia, mas agora o coronavírus pode afetar também a demanda, diz o banco holandês.

O Rabobank observa que a produção de carne suína na China deve cair entre 15% e 20% neste ano, e que a demanda deve se recuperar no segundo trimestre. “A doença (coronavírus) deve estar em grande parte sob controle no primeiro trimestre. Como resultado, esperamos impactos de curto prazo sobre o consumo, a distribuição, a produção e o comércio, com uma forte recuperação no segundo trimestre”, afirmou o banco em nota.

O Rabobank diz também que a peste suína africana vai continuar influenciando os mercados globais de proteína animal em 2020. Embora o número de casos esteja diminuindo na China, a doença continua se espalhando em outras partes da Ásia e em alguns países da Europa e isso pode afetar a produção, o comércio e o consumo neste ano.

Além do coronavírus, diz o banco, o acordo comercial entre Estados Unidos e China e a gestão dos preços domésticos no país asiático devem influenciar o comércio global, e em particular as importações chinesas, durante o primeiro semestre. A combinação dessas incertezas vai criar complicações no curto prazo, mas o Rabobank acredita que a China vai manter ou aumentar as importações de todos os tipos de proteína animal em 2020.

A BRF, uma das maiores empresas de alimentação do mundo,  manifestou preocupação em relação ao período crítico do coronavírus (COVID-19) e sobre os possíveis impactos para a cadeia de produção de alimentos, que abrange seus colaboradores, produtores integrados, consumidores, fornecedores e do setor de avicultura e suinocultura do país.

Com uma produção de mais de 5 milhões de toneladas de alimentos, entre industrializados, aves e suínos, a BRF tem mais de 30 fábricas espalhadas por quatro regiões do país e uma rede de 90 000 colaboradores, afirmou o presidente global da companhia, Lorival Nogueira Luz Junior.

“Essa estrutura corre o risco de ser afetada com o avanço do coronavírus no país e diversas medidas restritivas adotadas pelo governo, por estados e municípios”, afirmou o executivo. “Solicitamos que as medidas governamentais resguardem a cadeia da agroindústria de alimentos e toda sua cadeia produtiva, visto que se trata de uma atividade econômica essencial para toda sociedade”, escreveu Lorival Luz.

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, tem reforçado em entrevistas que não há risco de desabastecimento. No dia 21 de março, o presidente Jair Bolsonaro assinou uma Medida Provisória em que regulamenta os serviços essenciais para a sociedade como a produção e a distribuição de produtos de saúde, higiene, alimentos e bebidas.

Redação Suino.com