Meteorologistas confirmam tendência, mas afirmam que é preciso aguardar para saber intensidade do fenômeno

Após enfrentar um logo período de irregularidade no regime de chuvas, as previsões para esse segundo semestre já preocupam o setor agrícola para os próximos meses. De acordo o agrometeorologista Luiz Renato Lazinski, as últimas atualizações meteorológicas indicam o retorno do fenômeno La Niña, o que pode agravar ainda mais a seca no Centro-Sul do Brasil.

“Nós tivemos uma La Niña no ano passado, ele diminuiu a intensidade e neste momento estamos em uma fase de neutralidade, mas os modelos já começam a indicar a tendência do retorno do fenômeno agora neste segundo semestre, justamente no período do retorno da estação chuvosa”, explica o especialista.

Afirma ainda que, neste momento, ainda não é possível dizer com que intensidade o fenômeno deve atuar, mas que as preocupações com a safra de Verão são grandes. “Não é possível falar da sua intensidade, mas a gente sabe que o La Niña pode trazer muitos problemas. No ano passado ele não teve intensidade forte e ainda assim trouxe esse atraso nas chuvas, essa irregularidade e grandes problemas”, acrescenta.

Se confirmado, o La Niña deve manter o cenário de irregulidade observado pelo produtor das mais diversas culturas neste último ano. Lazinsk destaca que além de irregulares, os volumes podem continuar abaixo da média em todo o Centro-Sul. “Tudo indica que continuaremos com esse padrão de clima que vimos nesse último ano. O produtor precisa estar atento e tomar muito cuidado com os veranicos de Verão, que sempre tem, mas em anos de La Niña é mais intenso. Isso inclui o Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais e também os países vizinhos como parte da Argentina”, comenta.

Segundo o especialista, é importante ressaltar que enquanto a tendência é de pouca chuva nessa área, no centro-norte do país os modelos apontam chuvas dentro ou acima da média climatológica. “Por outro lado, no Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Maranhão, o cenário é mais favorável e com menos riscos”, acrescenta.

Em atualização divulgada nesta quinta-feira (8), a Administração Oceânica e Atmosférica (NOAA) também destacou o retorno do La Niña entre setembro e novembro. “ENSO-neutro é favorecido durante o verão do Hemisfério Norte e no outono (51% de chance para a temporada de agosto a outubro), com La Niña potencialmente emergindo durante a temporada de setembro a novembro e durando até o inverno de 2021-22 (66% chance durante novembro-janeiro)”, destacou a publicação.

O NOAA comenta ainda que o modelo de previsão mais recente é executado no NCEP CFSv2, muitos dos modelos do Conjunto Multi-Modelos da América do Norte e alguns modelos de nossos parceiros internacionais indicam o início do La Niña durante o outono do hemisfério norte, continuando no inverno de 2021-22, ou seja durante a Primavera no Hemisfério Sul.

Andrea Ramos, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) explica que as informações do NOAA destacam ainda que se confirmado, o La Niña deve retornar com intensidade fraca e de curta duração, entre o fim de novembro/2021 e janeiro/22. “Sendo assim, o maior impacto seria entre o fim da Primavera e início do Verão aqui no Brasil”, comenta.

A meteorologista destaca ainda que no prognóstico de Inverno, divulgado pelo Inmet no começo da estação, já indicava a chance de 50% para o retorno do fenômeno. “Esse documento é atualizado a cada troca de estação e no final de Inverno já teremos a atualização com todos esses dados. Mas é importante destacar que os modelos já mostravam 50% de chance no início do Inverno aqui no Brasil, conclui.

Fonte: Notícias Agrícolas