A Embrapa Gado de Corte colocou sua moderna infraestrutura laboratorial e equipes, à disposição dos Ministérios da Agricultura e Saúde para ajudar no combate ao novo coronavírus. Os técnicos e equipamentos da estatal estão executando testes para arboviroses (dengue, zika e chikungunya) a fim de aliviar o sistema. Assim, as análises para o coronavírus ficam concentradas no Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen/MS), que pode se dedicar mais à pandemia.

Os testes diagnósticos são realizados pelos especialistas da Embrapa da área de saúde animal, Flábio Ribeiro Araújo, Lenita Ramires dos Santos e Vanessa Felipe de Souza,  pelas pesquisadoras da Fiocruz-MS, Zoraida Del Carmen Fernandez Grillo e Alexsandra Rodrigues Mendonça Favacho, e André Luiz Julien Ferraz, professor-pesquisador da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems).

“Inicialmente trabalharemos com chikungunya, dengue e zika. O objetivo é aliviar o sistema, realizando os exames encaminhados pelo Lacen. A  Embrapa, em parceria com a Fiocruz, Lacen-MS e Uems pretende, dentro do possível, ampliar a  capacidade diária para realização dos testes em Mato Grosso do Sul. Se necessário, conforme demanda, rodaremos as análises do Covid-19”, explica Ronney Mamede, chefe-geral interino da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS).

Em Mato Grosso do Sul, segundo informações do boletim epidemiológico divulgado esta semana, entre 1º de janeiro e 25 de março, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) notificou 36.655 casos de dengue, uma média de 431 casos/dia, algo ao redor de um registro a cada três minutos. Os casos continuam subindo e já foram registradas 19 mortes causadas por doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Isso mostra a importância de unir esforços para ampliar os testes diagnósticos.

Laboratórios 
Dentro dessa infraesturura laboratorial está o Laboratório Multiusuário de Biossegurança para a Pecuária (Biopec), inaugurado em 2017. O Biopec possui áreas de biossegurança nível 1, 2 e 3 (NB1, NB2 e NB3). Nelas, são realizadas atividades que envolvem patógenos de alto risco biológico para a cadeia da pecuária, causadores de doenças como salmonelose, brucelose, tuberculose e doenças êntero-hemorrágicas.

“Para auxiliar nesses testes serão utilizadas as áreas NB2 e NB3 do Biopec, que entre os principais equipamentos necessários possui cabines de segurança biológica Classe II A2 (B3); aparelhos de RT-PCR; autoclave, incubadoras de CO2, ultracentrífuga, ultrafreezers, microcentrífugas e outros instrumentos comuns a laboratórios de análises biomoleculares”, detalha a chefe-adjunta de pesquisa e desenvolvimento da Unidade, Lucimara Chiari. Ela destaca que hoje “o Biopec é um dos mais modernos laboratórios na área de pesquisa em segurança e qualidade da carne da América Latina”.

Chiari ainda conta na área NB3, há condicionadores de ar e umidade, além de um sistema de renovação total do ar tratado, com exaustores. Eles mantêm uma pressão negativa de 40 Pa (Pascal) no interior em relação aos ambientes adjacentes. O espaço possui também um sistema de termodesinfecção dos efluentes, um complexo sistema de segurança automatizado e integrado, registro automático da temperatura de equipamentos críticos,  sistema com redundância de geradores de energia e exaustores para troca de ar e detecção e alarme de incêndio. Tudo isso assegura maior controle e segurança às pesquisas.

Com essa estrutura é possível realizar atividades como extração de ácidos nucléicos (DNA e RNA), amplificação de DNA e RNA usando equipamentos de PCR e PCR em tempo real (RT-PCR), para testes diagnósticos, por exemplo; clonagem e expressão de genes, em sistemas procarioto e eucarioto; espectrometria de massas; e inoculação de animais (cobaias e camundongos).


Fonte: Embrapa Gado de Corte