Ministra da Agricultura assinou instrução normativa que reforça o reconhecimento do Estado como área livre da peste suína clássica. Governador Ratinho Junior diz que medida garante mais segurança ao produtor e melhor condição para exportação da carne.

A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, assinou na sexta-feira (06), durante evento com a presença do governador Carlos Massa Ratinho Junior, instrução normativa que reforça o reconhecimento do Paraná como área livre da peste suína clássica (PSC). O documento desmembra o Estado de um grupo que era formado por 14 unidades federativas.

A medida foi formalizada durante o Encontro Estadual de Cooperativistas, realizado na sede da Cooperativa Lar, em Medianeira, no Oeste do Paraná. O governador Carlos Massa Ratinho Junior destacou a importância da medida por parte do Governo Federal.

“É muito importante estrategicamente para o nosso Estado. Uma chancela que dá tranquilidade para os compradores internacionais”, afirmou Ratinho Junior. “Temos que aproveitar esse bom momento para conquistar ainda mais espaço com a nossa qualidade”, acrescentou.

Ele lembrou que o Paraná conquistou o reconhecimento internacional concedido pela Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) em 2016. Porém, reforçou, somente com o ato desta sexta-feira é que o Paraná não fica mais vulnerável a eventuais casos de peste suína clássica na área não livre.

Lição de casa

A ministra Tereza Cristina destacou que a ação só pôde acontecer porque o Paraná vem fazendo a lição de casa, buscando uma agropecuária inovadora e livre de doenças. “Esse ato representa muito para o Estado, que ganha condições importantes para a exportação da carne suína”, destacou a ministra. “Agora, o Paraná está entregando tudo aquilo que o mundo precisa”, acrescentou.

A partir da validação da normativa, o Paraná passa a integrar um bloco, junto com Santa Catarina e Rio Grande de Sul, de estados completamente livres da doença. O que, além de reforçar as condições sanitárias e de vigilâncias do Estado, permite melhores condições perante o mercado para a exportação da carne suína.

“É preciso manter as forças da agropecuária paranaense unidas para garantir cada vez mais a qualidade da proteína animal produzida no Estado”, disse o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara.

Segundo maior

Ortigara destacou que o Paraná tem o segundo maior rebanho de porcos do País, ampliando com a normativa as condições para avançar no mercado nacional e internacional. “A instrução normativa dá a tranquilidade de que um problema que eventualmente ocorra em Sergipe, por exemplo, há mais de 2,5 mil quilômetros, não nos afete”, explicou.

Ele citou o caso de Sergipe, que fazia parte do antigo bloco do Paraná. O estado nordestino tem divisa com Alagoas, que é atualmente um dos locais considerados não livre da PSC.

Em outubro, foram detectados dois focos em Alagoas acarretando riscos para os estados vizinhos e, em consequência, também ao Paraná, que não faz divisa, mas pertencia ao mesmo bloco dessas unidades federativas. “Situação que agora já não vai mais acontecer”, ressaltou o secretário.

Apoio

A zona livre na qual o Paraná estava inserido tem 5,5 milhões de quilômetros quadrados, abrangendo desde Sergipe, passando por parte da Amazônia e se estendendo por todo o Centro-Oeste e Sudeste.

“Não temos nenhuma semelhança com a produção de suínos naquelas regiões”, ponderou o presidente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), José Roberto Ricken. “No Sergipe, por exemplo, a produção é para consumo local ou próprio”, completou.

O Paraná, por sua vez, tem o segundo maior rebanho, com produção de 840 mil toneladas em 2018 (21,3% da produção nacional), e é o terceiro em comércio exterior de suínos, com 107 mil toneladas exportadas em 2018 – o equivalente a 16,8% do total brasileiro. Este ano, entre janeiro e outubro, já foram enviados ao exterior pelo Paraná 94 mil toneladas de carne suína.

Doença

A peste suína clássica é uma doença viral e está incluída na lista de notificação obrigatória pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), por ser de fácil difusão. Ela acomete somente suínos e não é transmitida para o ser humano. Os sinais clínicos mais comuns são transtornos circulatórios e lesões cutâneas, acompanhados de conjuntivite em animais adultos e distúrbios neurológicos em suínos jovens. O animal também pode apresentar febre alta, paralisia nas patas traseiras e manchas avermelhadas pelo corpo.

Além da transmissão pelo contato com animal infectado, ela pode se difundir por alimentos, água ou equipamentos contaminados. A doença é detectada por exames laboratoriais. O Centro de Diagnóstico Marco Enrietti, laboratório da Adapar, é um dos credenciados para esse tipo de análise.

China

A China é um dos países que mais consomem carne suína, com a média de 30 quilos por ano per capita. No Brasil, o consumo era, em 2017, de 14,7 quilos, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal.

No entanto, um surto de peste suína africana (PSA) detectado em 2018 já dizimou aproximadamente 40% dos animais chineses, levando à escassez do produto. Para garantir o abastecimento dessa que é a principal proteína chinesa, o país abriu as portas para a importação da carne de porco.

Em um ano, as importações aumentaram em mais de 40% com perspectivas de continuar nesse patamar até que o rebanho possa ser recuperado. As autoridades daquele país estão credenciando fazendas de diversos países, entre eles o Brasil, para que sejam fornecedores da carne.

Fonte: AEN PR