Mutações com reinfecção podem fazer com imunizantes tenham que ser retestados a cada nova variante

Novas cepas do coronavírus estão se espalhando pelo mundo, desafiando as vacinas recentemente aprovadas. Elas não são novas, já que desde o início da pandemia foram encontradas milhares de mutações do Covid-19. No entanto, essas cepas recentes estão tendo um comportamento que difere em alguns aspectos aos da original, como a maior capacidade de se alastrar na população.

Uma das novas cepas do coronavírus é a de Manaus (B.1.1.28.1), que teve variação de outra linhagem identificada pela Fiocruz no final do ano. Essa é justamente uma das que mais intrigam os cientistas, já que suspeita-se que além de se espalhar com maior facilidade, pode reinfectar pessoas que já tiveram a doença ou até que já foram vacinas.

A variante do coronavírus de Manaus foi identificada pela primeira vez pelo Japão em visitantes da Amazônia. Os cientistas agora se debruçam sobre a mutação, mas as principais características podem levar algum tempo para serem esclarecidas, já que a Sars-Cov-2 levou meses para ser entendida e ter vacinas eficazes. Cepas da África do Sul e da Inglaterra também estão no radar da ciência.

“Se ela [a variante] tem a capacidade de se espalhar de maneira mais eficiente, é provável que se torne cada vez mais dominante, mas temos que esperar para ver”, disse em entrevista para a CNN norte-americana o Dr. Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos.

Caso confirmada a possibilidade de reinfecção com as novas cepas, a proteção de algumas das vacinas existentes poderia ter que ser testada a cada nova mutação, somada com a escassez de vacinas no Brasil.

O Controle e Prevenção de Doenças da China (CDC) confirmou essa hipótese nesta terça-feira (26), alegando que as vacinas contra o Covid-19 com o vírus inativo podem precisar ser atualizadas para as variantes e que isso pode levar cerca de dois meses. Nesse sentido, as vacinas com a tecnologia RNA devem ser atualizadas de forma mais rápida, caso da Pfizer.

Apesar das vacinas aprovadas recentemente pela Anvisa no Brasil, as doses que estão prontas para serem aplicadas, cerca e 12 milhões até o momento, representam cerca de 40% do total do grupo 1 de prioridade em todo o país, com 14,81 milhões de pessoas e considerando duas doses, segundo o consórcio de veículos de imprensa do Brasil. Em todo o país, são mais de 210 milhões de habitantes e todos grupos de prioridade totalizam 77,22 milhões de pessoas.

Apenas do grupo 1, de idosos acima de 75 anos e profissionais de saúde, idosos em asilos, indígenas e comunidades ribeirinhas, com estimativa de 14,81 milhões de pessoas, serão necessárias quase 30 milhões de doses. Mas, a disponibilidade de doses é de cerca de 12 milhões, sendo 10,2 milhões de CoronaVac e 2 milhões da AstraZeneca.

A produção de vacinas com insumos produzidos no Brasil deve demorar mais do que o planejado inicialmente. As fábricas de insumos do Butantan e da Fiocruz estão sendo construídas e devem ficar prontas apenas no segundo semestre deste ano. Enquanto isso, a China enviou ao Brasil insumos para a CoronaVac ter novos lotes produzidos no Butantan.

Segundo o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, os produtos devem chegar até o fim da semana no Brasil. São 5.400 litros de insumos que devem gerar cerca de 5 milhões de vacinas em menos de um mês nos laboratórios do instituto paulistano, que serão somadas com as mais de 12 milhões de doses já prontas para aplicação na população de prioridade.

O governo também disse que insumos para a vacina da Universidade de Oxford e da AstraZeneca estão “com liberação sendo acelerada”.

Variante Manauara no mundo

A nova variante do coronavírus de Manaus já chegou em alguns países ao redor do mundo. Ontem (25), os Estados Unidos confirmaram o primeiro caso da variante manauara. O caso fez com que o governo do país proibisse a entrada de cidadãos não americanos que estiveram no Brasil, África do Sul, Reino Unido, Irlanda e outros 26 países europeus.

Países como Itália, Alemanha, Reino Unido e Japão.

Tecnologias das vacinas

A CoronaVac utiliza o método de “vírus inativado” na sua produção, enquanto que a da AstraZeneca tem um “vetor viral não replicante”. Ela usa um outro vírus conhecido para introduzir genes do coronavírus nas células.

No fim de 2020, o chefe da farmacêutica AstraZeneca, Pascal Soriot, disse que a vacina do laboratório poderia ser eficaz contra variantes do coronavírus, mas que isso ainda precisaria ser estudado. “Até agora, achamos que a vacina deve permanecer eficaz. Mas não podemos ter certeza, então vamos testar isso”, afirmou para a imprensa internacional.

Fonte: Notícias Agrícolas