A crescente popularidade dos alimentos orgânicos é impulsionada principalmente pelos consumidores que desejam evitar a exposição a pesticidas, no entanto, a oposição que a indústria dos orgânicos imprime sobre a modificação genética aumenta o uso de pesticidas químicos. Foi isso que informou um artigo publicado no Genetic Literacy Project.

“Quando a Soil Association, um grupo de defesa orgânica do Reino Unido, perguntou aos consumidores por que eles não compravam alimentos convencionais, 95% deles disseram que o fizeram por causa de pesticidas. Apesar do fato de que os produtores orgânicos realmente utilizam pesticidas – alguns dos quais podem ser muito prejudiciais à saúde humana e à vida selvagem -, o movimento de alimentos orgânicos fez o máximo para promover o mito da agricultura ‘natural’ livre de produtos químicos, contrastando-a com a ideia que os agricultores convencionais dependem de um bando de substâncias “tóxicas” para cultivar suas colheitas”, diz o texto divulgado pelo portal especializado chinês agropages.com.

Segundo o diretor internacional da Associação de Consumidores Orgânicos (OCA), Ronnie Cummins, a agricultura orgânica proíbe o uso de pesticidas tóxicos, antibióticos, hormônios do crescimento e fertilizantes químicos desestabilizadores do clima. “Os consumidores estão preocupados em comprar alimentos com alto valor nutricional e o mínimo possível de ingredientes sintéticos ou não orgânicos. Os alimentos orgânicos são nutricionalmente densos em comparação com os alimentos produzidos com produtos químicos tóxicos, fertilizantes químicos e sementes de OGM”, diz.

Embora os pesticidas sintéticos geralmente não sejam permitidos na agricultura orgânica, substâncias “naturais” que controlam pragas não são apenas permitidas, mas necessárias, porque os insetos comem culturas orgânicas e convencionais sem hesitação. À medida que a biotecnologia das culturas continua avançando, os agricultores convencionais estão obtendo acesso a novas ferramentas que reduzem drasticamente o uso de pesticidas.

Essa tendência de queda na dependência química remonta à introdução de culturas geneticamente modificadas (GM) na década de 1990 e só se acelerará à medida que mais culturas e animais editados por genes chegarem ao mercado em um futuro próximo. Enquanto isso, a indústria orgânica continua de fora dessa revolução da sustentabilidade por razões ideológicas e econômicas, o que acaba incentivando o uso de pesticidas.

Fonte: Agrolink/Leonardo Gottems