Diante do alerta das autoridades sanitárias para que população ficasse em casa e o consequente esfriamento das atividades econômicas, o setor agroindustrial do país buscou garantir o funcionamento. Com milhões de animais no campo e diante de uma iminente crise de abastecimento, agroindústria brasileira não cogitou possibilidade de cessar completamente suas atividades.

No Paraná, A C.Vale emitiu um comunicado sobre uma série de medidas que estão sendo adotadas para reduzir ao mínimo o risco de contaminação dos funcionários da indústria e assegurou a continuidade da produção de alimentos. “É um serviço essencial reconhecido pelos governos federal e estadual”, afirmou a diretoria da cooperativa.

Dilvo Grolli, presidente da Coopavel, manifestou-se preocupado com o impacto do coronavírus na produção de frangos e suínos da cooperativa, metade vai para o mercado externo. O grande problema é que a cadeia logística de distribuição no país asiático está prejudicada, com atraso para descarregamento nos portos, ainda por causa do impacto do Covid-19.

Em Santa Catarina, um dos primeiros estados a determinar que sua população ficasse em casa, lideranças das agroindústrias locais se mobilizaram para manter suas atividades. Assim que foram divulgadas as medidas de paralisação total das atividades comerciais e industriais no Estado, no dia 17 de março, lideranças de cooperativas entraram em contato com o Governador Carlos Moisés,  expondo a gravidade que uma parada geral da agroindústria poderia provocar. As atividades agropecuárias e agroindustriais catarinenses entraram na pauta de serviços essenciais.

A Cooperalfa, maior cooperativa de produção de Santa Catarina, informou que manteria suas lojas agropecuárias abertas com limitação de acesso, além de suas atividades no campo, adotando todas as medidas necessárias para prevenir as contaminações pelo coronavirus.

No dia 20 de março, o Sindicato dos Trabalhadores em Cooperativas Agroindustriais de Abate e Processamento de Carnes e Derivados de Chapecó  (SITRACOAGRO) reuniu-se com representantes da Aurora Alimentos, para ajustar procedimentos visando reduzir o risco de contaminação pelo COVID-19. A agroindústria comunicou que não pararia suas atividades por conta do vírus.

O presidente da Associação Catarinense de Avicultura, José Ribas Júnior, disse que há uma preocupação com a saúde dos trabalhadores mas também com o impacto que a paralisação dos abates geraria no campo, podendo impactar na suspensão de cerificados de exportação.

As empresas tiveram que se adaptar e fretar ônibus para dar conta da suspensão do transporte público, pelo Governo do Estado.

JBS e Seara foram à justiça para garantir atividades

Ainda em Santa Catarina, o Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região, autorizou o funcionamento dos frigoríficos JBS e Seara Alimentos, diante o surto do coronavírus no Brasil. A medida derrubou a decisão de juiz da 4ª Vara do Trabalho de Criciúma, que determinou a paralisação integral das atividades das indústrias a partir do dia 21 de março.

A BRF afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o funcionamento de suas plantas permanece normal. As empresa está acompanhando o desenvolvimento do cenário e irá comunicar ao mercado sobre qualquer mudança.

Governo local e justiça acabaram reconhecendo que a atividade agroindustrial do Estado integrava a lista de serviços essenciais.

Carne Bovina

Diante da dificuldade de exportar sua carne bovina, a Minerva Foods anunciou, no dia 17 de março, que operações de abate serão suspensas em quatro unidades da companhia no Brasil como medida preventiva contra a transmissão do coronavírus e por problemas logísticos também relacionados à doença.

No dia 23, foram  concedidas férias coletivas aos colaboradores das unidades Janaúba (MG), José Bonifácio (SP), Mirassol D´Oeste (MT) e Paranatinga (MT), que devem durar entre dez e quinze dias, a depender da planta, disse a companhia em nota.

A Marfrig informou que manterá o funcionamento de suas unidades produtivas no Brasil, Argentina, Uruguai, Chile e Estados Unidos, durante a crise provocada pela pandemia de coronavírus, uma vez que considera sua atuação importante para garantir a segurança alimentar dos brasileiros e pessoas de outros países atendidos pela companhia.

Autoridades e entidades oficiais

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) pediu à Confederação Nacional de Municípios (CNM), nesta terça-feira (24/3), que mantenha as agroindústrias funcionando para garantir alimentos à população durante a pandemia do coronavírus.

De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), são isolados os casos em que paralisações foram solicitadas. A entidade informou ainda que o próprio Ministério Público faz avaliações ponderadas, avaliando o próprio decreto presidencial que colocou a produção de alimentos como prioridade.

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que mesmo com todas essas preocupações para que se preserve a vida, as agroindústrias não podem parar. “No mundo todo esse tipo de indústria continua funcionando, onde o coronavírus iniciou, na própria Itália, o problema é seríssimo e a indústria de alimentos continuou funcionando com todo o cuidado necessário”.

No dia 20 de março, foram publicados no Diário Oficial da União, o Decreto nº 10.282 e a Medida Provisória 296 especificam quais serviços essenciais que não devem ser interrompidos durante o período de combate ao coronavírus e, também, estabeleceram novos procedimentos para simplificar as compras públicas destinadas ao enfrentamento da emergência de saúde pública.

Redação Suino.com