R$ 3,1 trilhões. Essa cifra equivale ao valor de toda a área destinada pelos agricultores brasileiros à preservação ambiental, de acordo com o pesquisador da Embrapa Territorial, Gustavo Spadotti A. Castro, que apresentou o dado ao superintendente da Ocepar, Robson Mafioletti, na última quinta-feira (16/08), em Curitiba. O encontro também foi acompanhado pelo analista da Gerência de Desenvolvimento Técnico da Ocepar, Moisés Knaut.

Castro explicou que essa nova informação é decorrente de uma atualização realizada no levantamento feito pela Embrapa Territorial a pedido da Ocepar, em 2017, cujo propósito foi quantificar as áreas destinadas pelos agricultores à preservação ambiental. O estudo mostrou que a área territorial brasileira soma mais de 810 milhões de hectares, dos quais 21% estão preservados, o que corresponde a 170 milhões de hectares. O mesmo levantamento apontou que os agricultores paranaenses destinam acerca de 28% das áreas de suas propriedades para a preservação ambiental.

Evolução

“Agora, nós evoluímos nossas metodologias para mostrar também o quanto isso vale, ou seja, nosso objetivo foi colocar um valor monetário e mostrar quanto do patrimônio fundiário os agricultores imobilizam em prol da preservação ambiental. Também, o quanto isso representaria em custo de oportunidade, seja na geração de renda para o produtor, na produção de alimentos para o Brasil e para o mundo, seja na produção de empregos para a sociedade, na geração de impostos para os municípios e para o estado, enfim, o que foi aberto mão em prol da preservação das áreas dentro das propriedades”, explicou. “Fizemos um primeiro recorte para o Brasil como um todo e hoje nós sabemos que o agricultor destina, das suas terras, mais de R$ 3 trilhões para o meio ambiente”, acrescentou.

Para Castro, esse resultado é uma forma de reconhecimento ao trabalho que o agricultor realiza no campo. “Não tem nenhuma categoria profissional no Brasil, no mundo, que destine mais tempo, mais recursos para a preservação do meio ambiente que o agricultor. É preciso valorizar isso, pois ele é o mais impactado em toda essa cadeia e está destinando parte do seu patrimônio e dinheiro para manter aquela floresta intacta na propriedade rural dele”, ressalta.

Manutenção

Ainda de acordo com o pesquisador da Embrapa Territorial, o estudo também indicou o custo de manutenção das áreas preservadas. “Porque se pegar fogo na propriedade ou alguém tirar madeira ou matar um bicho lá, o agricultor será responsabilizado. Então, ele precisa investir em cercas e em vigilância para manter a segurança dessas áreas. Nós calculamos esses custos também, que ultrapassam os R$ 22 bilhões anuais para o Brasil inteiro”, afirmou Castro.

Ele destacou ainda o alto índice de acertos que a Embrapa vem atingindo em seus levantamentos, comprovados por meio de outros órgãos, inclusive em âmbito internacional. “Quando liberamos dados mostrando que apenas 7,8% do território do Brasil era destinado para a agricultura, fomos muito criticados por diversas entidades. Mas, um mês depois, o serviço geológico dos Estados Unidos validou esses dados, utilizando as imagens de satélite da Nasa, mostrando que somente 7,6% do Brasil é destinado para a agricultura”, disse.

IBGE

Castro lembrou também dos resultados preliminares do Censo Agropecuário divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). “Ainda faltam alguns dados para que o levantamento seja liberado totalmente, o que irá ocorrer no ano que vem, mas as informações iniciais mostram uma convergência muito grande quanto à área total de agricultura levantada pelo Censo em 2017, mostrando que, do total, apenas 7,8% do território nacional é destinado à agricultura.

Esse dado valida os trabalhos que a Embrapa Territorial vem fazendo com o objetivo de mostrar que o Brasil, dentro de uma área tão grande, utiliza somente uma pequena parcela para cultivar alimentos, principalmente culturas temporárias e permanentes, conseguindo alimentar não só os 220 milhões de habitantes do nosso país, mas também ter excesso para conseguir fazer exportações. Isso é fantástico. Estamos alimentando o Brasil e o mundo, cultivando só 7,8% do nosso território com culturas temporárias e anuais”, complementou.

 

Fonte: Embrapa