O nitrogênio é um nutriente essencial para as plantas. Embora o nitrogênio represente 78% da atmosfera, somente as leguminosas eram conhecidas por terem a capacidade de usá-lo – por meio de sua associação com bactérias. “As leguminosas, como a soja, têm nódulos em suas raízes que abrigam bactérias que podem transformar o nitrogênio no ar em uma forma que a planta pode usar”, disse Alan Bennett, professor da Universidade da Califórnia-Davis. “Para as culturas de cereais como o milho, os agricultores devem confiar principalmente nos fertilizantes nitrogenados”.

Uma colaboração pública-privada de pesquisadores da Universidade de Wisconsin-Madison, da Universidade da Califórnia-Davis e da Mars Inc. identificou variedades de milho tropical de Oaxaca, no México, que podem adquirir uma quantidade significativa do nitrogênio que elas precisam do ar. A informação é do Feed Stuffs.

Para fazê-lo, o milho secreta bolas de gel que abrigam bactérias que convertem o nitrogênio atmosférico em uma forma utilizável pela planta, um processo chamado fixação de nitrogênio. O milho pode adquirir 30-80% de seu nitrogênio dessa maneira, mas a eficácia depende de fatores ambientais como umidade e chuva.

Os cientistas há muito buscam o milho que consiga fixar nitrogênio, com o objetivo de reduzir a alta demanda por fertilizantes artificiais, que são caros e poluentes. Mais pesquisas são necessárias para determinar se a característica pode ser reproduzida em cultivares comerciais de milho.

Se esta característica puder ser reproduzida em variedades convencionais de milho, ela poderá reduzir a necessidade de adição de fertilizantes e aumentar os rendimentos em regiões com solo pobre. O milho que fixa o nitrogênio também pode ajudar os agricultores em países em desenvolvimento que podem não ter acesso a fertilizantes.

“Tem sido um sonho de longo prazo transferir a capacidade de associar bactérias fixadoras de nitrogênio de legumes a cereais”, disse Jean-Michel Ané, professor de bacteriologia e agronomia da Universidade de Wisconsin-Madison e co-autor do estudo.

Variedade

A variedade de milho é cultivada na região de Sierra Mixe, em Oaxaca, no sul do México, parte da região onde o grão foi domesticado pela primeira vez por nativos há milhares de anos, explicaram os pesquisadores. Os agricultores da região cultivam o milho em solos esgotados de nitrogênio usando práticas tradicionais com pouco ou nenhum fertilizante – condições que selecionaram uma nova capacidade de adquirir nitrogênio.

O gel secretado pelas raízes aéreas do milho parece funcionar principalmente excluindo o oxigênio e fornecendo açúcares para as bactérias certas, evitando interações biológicas complexas.

“A engenharia de milho para fixar nitrogênio e formar nódulos radiculares como leguminosas tem sido um sonho e luta de cientistas há décadas”, disse Ané. “Acontece que esse milho desenvolveu uma maneira totalmente diferente de resolver esse problema de fixação de nitrogênio. A comunidade científica provavelmente subestimou a fixação de nitrogênio em outras culturas devido à sua obsessão por nódulos radiculares. Esse milho nos mostrou que a natureza pode encontrar soluções para alguns problemas muito além do que os cientistas poderiam imaginar”.

“O rendimento do milho nos países em desenvolvimento é um décimo dos encontrados nos Estados Unidos, devido tanto ao desenvolvimento de variedades quanto ao acesso a fertilizantes nitrogenados acessíveis”, disse o co-autor Allen Van Deynze, diretor de pesquisa do Centro de Biotecnologia de Sementes da Universidade da Califórnia. “Esta descoberta abre a porta para melhorar significativamente o potencial genético e a segurança alimentar para esses países”.

Leia a notícia original

Fonte: Equipe Suino.com