Soluções tecnológicas de última geração, que aceleram as análises de solos, de forma limpa e rápida ou que avalie o acúmulo e emissão de carbono do solo sob sistemas produtivos de pastagens são algumas das pesquisas desenvolvidas com técnicas espectroscópicas, que usam laser e inteligência artificial para a geração de resultados inéditos na área de ciência do solo.

Essas e outras pesquisas serão apresentadas pelos pesquisadores da Embrapa Instrumentação (São Carlos, SP), Débora Milori e Ladislau Martin Neto no XXI Congresso Mundial de Ciência do Solo, que ocorre no Rio de Janeiro até o dia 17, com a expectativa de receber três mil profissionais de 130 países.

A Embrapa Instrumentação ainda participa do evento, em sua primeira edição na América Latina, com tecnologias simples e de baixo para irrigação, e com técnicas avançadas para medir o teor orgânico e avaliar o grau de humificação da matéria orgânica.

Os dois pesquisadores tiveram apresentações nesta segunda-feira (13), no Winsor Conventions e Expo Center. Martin Neto abordou a intensificação sustentável na produção em sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e impacto na dinâmica e reatividade da matéria orgânica do solo, no período da manhã.

No começo da tarde, Débora Milori apresentou os resultados de pesquisas obtidos com a metodologia LIBS, sigla para espectroscopia de emissão óptica com plasma induzido por laser. A técnica se destaca pela avançada tecnologia embarcada em comparação a outras convencionais.

Sem resíduos

O resultado mais recente da aplicação da técnica LIBS é um equipamento que não gera resíduos químicos e é capaz de analisar 1.500 amostras por dia, fornecendo dados de quantidade de carbono orgânico do solo, textura (teores de areia, silte e argila) e pH. O AGLIBS, lançado recentemente, permite a avaliação em tempo real, em laboratório, enquanto que as análises convencionais demoram alguns dias para fornecer os resultados.

Outra contribuição do emprego da técnica para a área de ciência do solo, considerada estratégica para o futuro da humanidade é a que avaliou o acúmulo e emissão de carbono do solo sob sistemas produtivos de pastagens. A pesquisa recebeu o Prêmio Vale-Capes de Ciência e Sustentabilidade, grupo 3 – Redução de Gases do Efeito Estufa (GEE). O estudo foi desenvolvido pelo estudante de mestrado do Instituto de Química da Universidade de São Paulo, em São Carlos, Alfredo Augusto Pereira Xavier, sob a orientação da pesquisadora Débora Milori, e no âmbito da Rede Pecus, liderada pela Embrapa Pecuária Sudeste.

A cientista lembra que entre as vantagens desta técnica estão a portabilidade, análise rápida e de baixo custo, sem a necessidade de preparo de amostra, o que contribui para a não geração de resíduos químicos, conforme preconiza o conceito da Química Verde – redução ou eliminação do uso e geração de substâncias nocivas à saúde humana e ao ambiente. A técnica também pode ser usada para avaliar o pH e a textura dos solos.

Martin Neto ainda participa, no sábado, como moderador de três paineis na reunião do Grupo de Terras Cultiváveis do “Global Research Alliance on Agricultural Greenhouse Gases”, uma rede de cooperação mundial de pesquisas em Mudanças Climáticas, ao qual o Brasil aderiu recentemente e onde a Embrapa tem sido o braço científico.

O pesquisador é um dos três co-coordenadores da reunião – que será realizada na Embrapa Solos – junto com representantes dos Estados Unidos e Espanha.

 

Fonte: Embrapa