Desde a safra 2016/17, a maior da história no Brasil, o ritmo da comercialização de grãos vem ocorrendo de forma mais lenta que o normal. Com produto de “sobra” e descontentes com os preços praticados no mercado, boa parte dos produtores reteve ao máximo sua produção em busca de cotações melhores. Nas últimas semanas, com um fator novo de especulação no mercado financeiro, o momento de começar a se mexer para comercializar, para alguns produtores, finalmente chegou. O nome do fenômeno? Seca na Argentina.

Para se ter ideia, os preços na Bolsa de Chicago ao longo dos últimos meses ficaram, na maior parte do tempo, abaixo dos US$ 10 por bushel. Mas no último dia 5 de março, a cotação bateu nos US$ 10,67, como explica o consultor da Safras e Mercado Luiz Fernando Gutierrez.

“A previsão inicial era que a Argentina tivesse produção de 54 milhões de toneladas, mas agora há expectativas bem abaixo disso, perto das 44 milhões de toneladas. Como se trata do terceiro maior produtor mundial (atrás dos Estados Unidos e do Brasil), mexeu no cenário de oferta e o mercado se posicionou. Naturalmente, isso se refletiu nos preços praticados no Brasil”, contextualiza.

No dia 8 de março, o indicador do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab) para a soja apontava para R$ 70 a saca de 60 kg em Ponta Grossa. A última vez que preços nessa faixa tinham ocorrido tinha sido em 2016 – ano em que a safra brasileira passou por problemas climáticos e os preços dos grãos foram às alturas, principalmente o milho.

Fonte: Sistema Faep