Nesta quinta-feira (26), quando as principais praças produtoras de suínos negociam os animais no mercado independente, lideranças do setor viram os preços “derreterem” em uma queda mais expressiva do que a registrada na semana anterior. Entre as razões apontadas pelos líderes de associações do setor para a retração nos preços estão o recuo no consumo na ponta final da cadeia e o excesso de animais ofertados para abate, principalmente em Santa Catarina, que sofre com uma severa estiagem.

Em São Paulo, segundo o presidente da Associação Paulista de Criadores de Suínos (APCS), Valdomiro Ferreira, o preço do animal vivo passou de R$ 9,07/kg para R$ 8,00/kg vivo. “A relação de troca está pior do que na semana passada. Com o preço negociado hoje, uma arroba suína compra 1,18 sacas de 60kg de milho, quando o ideal 2,5”.

Ferreira explica que as exportações seguem boas, mas que há cerca de 15 dias, quando o preço do animal vivo subia, houve cancelamento ou adiamento de de cargas, fazendo com que os animais permanecessem nas granjas ganhando peso, o que gera maior oferta de carne no mercado. Há também a questão de maior oferta de animais por parte de Santa Catarina, que passa por um grave período de estiagem, fazendo com que o produtor oferte os animais que ainda não atingiram o peso ideal para abate.

Outro diagnóstico feito por Ferreira é a dúvida do suinocultor em relação a um possível recuo nos preços do farelo de soja e do milho, o que faz com que ele tente escoar os animais ainda em dezembro. Mais um fator que contribui para a retração no preço dos animais é o fato de que a ponta consumidora se assustou com os preços na gôndola e direcionou as compras para outras proteínas.

No caso de Santa Catarina, onde os animais também são negociados no mercado independente às quintas-feiras, o preço também caiu, saindo de R$ 9,36/kg para R$ 8,08/kg vivo. O presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivanio de Lorenzi, há um certo peso da sazonalidade de final de mês na composição desta situação.

“Há também a dificuldade no oeste e extremo oeste do Estado que está sendo castigado pela seca, já que o produtor tem que puxar água para a granja, o que gera custos, além do que já está alto o farelo e o milho. Aí os suinocultores acabam vendendo os animais mais leves, o que aumenta o volume de cabeças no mercado”, disse.

A queda também atingiu o mercado mineiro, com preços passando de R$ 9,00/kg para R$ 7,60/kg vivo. O consultor de mercado da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), Alvimar Jalles, apesar de haver a menor quantidade de animais disponíveis nas granjas da plataforma dos últimos 4 anos para o mês de novembro, a força vendedora dos participantes do mercado está superando os fundamentos.

“Nesse momento o acordo facilita o escoamento dos animais o que favorece a estabilidade futura dos preços. São movimentos conhecidos e previsíveis quando as expectativas se alteram. O peso médio em Minas Gerais hoje é de 114 kg, média que sempre permite oferecer um pouco mais, e do outro lado os frigoríficos se retraem abaixando seus próprios estoques ao máximo”, afirmou.

A negociação dos suínos no mercado independente gaúcho é realizada às sextas-feiras, e na última (19) houve retração, saindo de R$ 8,91/kg para R$ 8,54/kg vivo. Valdeci Folador, presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), conta que os frigoríficos justificam a pressão de baixa alegando que o mercado está devagar e que o repasse de preços está difícil.

De acordo com informações do Laboratório de Pesquisas Econômicas em Suinocultura (Lapesui) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o valor do suíno vivo chegou a R$ 8,63 nesta semana, queda de 6,8% no comparativo com os R$ 9,26/kg vivo praticado na semana anterior. Considerando a média semanal (entre os dias 19/11/2020 a 25/11/2020), o Indicador do Preço da Carcaça do Suíno Lapesui/UFPR teve queda de 7,42%, fechando a semana em R$ 12,72.

Por Letícia Guimarães
Fonte:  Notícias Agrícolas