As cotações do milho em Chicago igualmente recuaram nesta semana, fechando a quinta-feira (28/06) em US$ 3,45/bushel (valor que não era visto desde meados de dezembro do ano passado), contra US$ 3,57 uma semana antes.

As exportações dos EUA continuam relativamente fracas, enquanto o mercado esperava o relatório de plantio e de estoques trimestrais na posição 1º de junho, a ser anunciado em 29/06 (comentaremos o mesmo no próximo boletim).

Neste último caso, o mercado espera uma área semeada de milho nos EUA em 35,9 milhões de hectares, ficando acima da intenção de plantio anunciada em março passado, porém, pela primeira vez na história recente daquele país abaixo da área de soja. Quanto aos estoques trimestrais o mercado esperava um volume de 133,6 milhões de toneladas.

Em termos de clima, que durante junho transcorreu muito bem igualmente para o milho, há informações de que uma forte massa de ar quente e mais seca venha a atingir as regiões produtoras dos EUA em julho. Dependendo de sua real intensidade, isto poderá elevar as cotações do milho em Chicago nas semanas vindouras.

Até o dia 24/06 as condições das lavouras estadunidenses de milho atingiam a 77% entre boas a excelentes, recuando um ponto percentual em relação a semana anterior. Todavia, essa pequena redução altera pouco a tendência do mercado.

Enfim, o mercado foi pressionado também pela forte alta do dólar em relação as principais moedas mundiais, fato que tira competitividade do milho estadunidense na exportação.

Dito isso, na Argentina a tonelada FOB fechou a semana cotada em US$ 163,00, enquanto no Paraguai a mesma recuou para US$ 137,50.

Já no Brasil, a pressão da safrinha continuou a reduzir os preços internos do milho. A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 33,25/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 38,00 e R$ 38,50/saco. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 20,00/saco no Nortão do Mato Grosso e R$ 37,50/saco em Concórdia e Videira (SC). Na Sorocabana paulista os valores vieram a R$ 33,00, enquanto no CIF Campinas não há compradores acima de R$ 37,00/saco. No porto, diante da baixa liquidez na exportação, o preço em Santos veio a R$ 38,00/saco para agosto/setembro. E isto, mesmo com um câmbio ao redor de R$ 3,87.

Na BM&F a cotação para setembro está condicionada ao fluxo da colheita da safrinha e a decisão dos produtores em comercializarem sua produção abaixo de R$ 30,00/saco diante da atual quebra da safra. Já os contratos mais longos (janeiro e março de 2019) têm tendência de alta, pois os operadores esperam que a pressão da safrinha passe e não há expectativa para aumento na área a ser semeada com milho no verão brasileiro. Além disso, o câmbio está elevando muito o custo de produção e os produtores tenderão a privilegiar a soja.

No mercado físico, todavia, os preços recuam porque a entrada da safrinha se faz cada dia mais intensa e os produtores estão vendendo rapidamente com receio de que os preços venham a cair mais enquanto tal colheita durar. Além disso, com as dificuldades de exportação, existe a possibilidade concreta de sofrar mais estoques internos no país. Agora, deve-se dizer que, se os preços internos continuarem recuando, logo mais tais valores poderão ser viáveis para a exportação, especialmente se o câmbio continuar nos atuais níveis.

Enfim, até o dia 22/06 a colheita da safrinha chegava a 5% do total, contra 9% na mesma época do ano passado.

Autores: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum e Jaciele Moreira

Fonte: Análise Semanal do Mercado de Grãos Ceema