A série de frituras de ministros do governo federal e outros problemas políticos começam a preocupar mais o agronegócio catarinense. Isto porque além de Luiz Henrique Mandetta, que caiu com a crise; além do ministro da Justiça Sérgio Moro por incompatibilidade com o presidente da República, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, começou a ser duramente atacada nas redes sociais. Essa pressão contra a ministra gera apreensão maior porque ela vem fazendo um trabalho técnico de qualidade, tanto no que envolve as questões internas do setor, quanto no exterior, buscando novos mercados ou mantendo os já conquistados.

Os ataques à ministra ocorrem porque ela é do partido Democratas, o mesmo do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, que está rompido com o presidente Jair Bolsonaro. O presidente da Federação da Agricultura de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedroso, saiu em defesa da ministra, destacando o trabalho técnico.

As preocupações catarinenses vão além do problema com a ministra. É que a ala política da família Bolsonaro tem atacado constantemente e de forma injustificada a China, que é o maior mercado das exportações de carnes do Estado. Primeiro, foi o deputado Eduardo Bolsonaro, dizendo que o vírus da Covid-19 foi criado em laboratório pelos chineses. Depois foi o ministro das Relações Exteriores, Eduardo Araújo, que fez publicação em seu blog pessoal com o título “Chegou o comunavírus”, insinuando plano de expansão comunista da China.

Nos últimos meses, a China passou a comprar mais carnes dos Estados Unidos. O temor da Faesc é que eles se voltem ainda mais aos fornecedores americanos e Santa Catarina passe a perder vendas. E no meio da pandemia do coronavírus, o único aumento setorial registrado em pesquisa da Federação das Indústrias do Estado (Fiesc) na última semana foi o de exportações de alimentos, ou seja, de carnes, especialmente para a China. É a exportação do agronegócio que vai salvar a economia catarinense este ano de uma recessão muito profunda.

Um estudo da Tendências Consultoria sobre o tamanho da recessão brasileira em função do coronavírus, divulgado pelo Valor, estima uma queda de 4,1% do PIB do Brasil. Entre os estados que serão menos afetados estão Santa Catarina e Paraná, justamente pelo agronegócio, envolvendo a exportação de carnes. Por isso, este ano o PIB de SC deve cair 3,1% e o do Paraná 2,5%, estimou o estudo. O agronegócio segue com grande importância para a economia do Estado.

Fonte: NSC