O consumidor brasileiro deve continuar aumentando o consumo de carne suína em 2022, segundo o consultor de Mercado da ABCS Iuri Pinheiro Machado

A produção brasileira de carne suína em 2022 poderá superar 5 milhões de toneladas de carcaças, disse o consultor de Mercado da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Iuri Pinheiro Machado, à CarneTec. Já o volume de exportações brasileiras deve crescer cerca de 3% para um novo recorde neste ano, segundo estimativas preliminares do consultor.

Qual a expectativa da ABCS para a produção de carne suína brasileira em 2022?

Iuri Pinheiro Machado: Ainda não temos dados oficiais completos de produção de 2021, mas no acumulado de janeiro a setembro, o crescimento superou em quase 9% o mesmo período de 2020 (IBGE). Como se trata de uma cadeia de ciclo de produção relativamente longa, certamente ainda haverá crescimento em 2022, porém, em função da crise do setor em 2021, espera-se uma redução deste ritmo, algo entre 4% e 6% em relação a 2021. Ou seja, em 2022 deveremos ultrapassar a marca de 5 milhões de toneladas de carcaças produzidas.

E para a exportação?

Apesar do recuo das compras da China, nosso maior importador, no final de 2021, ainda espera-se um crescimento global dos embarques em 2022, superando 2021 em torno de 3% e batendo novo recorde de volumes exportados. Existe uma grande expectativa com relação à retomada do mercado russo, que abriu uma cota de 100 mil toneladas para o primeiro semestre deste ano. Além disso, alguns países aumentaram consideravelmente suas compras junto ao Brasil, como Filipinas, Chile e Argentina.

Como o mercado consumidor doméstico de carne suína deve se comportar em 2022? A ABCS espera aumento no consumo? De quanto?

Com relação ao mercado doméstico, tudo depende do poder aquisitivo da população e do ajuste entre oferta e demanda. O crescimento da produção tem sido absorvido pelo mercado, mas é evidente que o preço pago pelo suíno está aquém do necessário para determinar margens ao produtor que tem suportado custos de produção muito elevados. O ano de 2021 deve fechar com um crescimento de consumo per capita ao redor de 1 kg, um número muito significativo. Para 2022, espera-se que o brasileiro continue aumentando sua preferência pela carne suína, mas não o mesmo crescimento experimentado em 2021.

Quais os principais desafios que a indústria brasileira de carne suína deverá enfrentar neste ano?

Na questão de custo relacionado ao milho, embora a primeira safra preocupe, a perspectiva é melhor do que no ano passado, pois tudo indica que a segunda safra resultará em quantidades suficientes para manter o preço do principal insumo em patamar mais baixo que em 2021. Por outro lado, outros custos relacionados à inflação como tarifas públicas, combustíveis e mão de obra devem onerar ainda mais a produção. A grande preocupação é a recuperação da demanda do mercado doméstico para absorver o aumento da produção. Se essa recuperação não vier, o setor continuará amargando prejuízos, principalmente no primeiro semestre, com o custo de insumos mais elevado.

Fonte: Carne Tec Brasil