Técnicos do Daee (Departamento de Águas Energia Elétrica) iniciaram estudo e diagnóstico para desenvolver o plantio de árvores nativas na região de Campinas. A ação integra o Projeto de Restauração Florestal em áreas designadas para compensação ambiental em razão das intervenções necessárias para a construção da Barragem no município de Pedreira, que está em construção desde janeiro do ano passado.

O plantio compensatório já é realizado nas Áreas de Proteção Permanentes (APPs) da futura barragem. Nos últimos 20 meses, foram plantadas 97 mil mudas de espécies nativas como ingá, aroeira, pimenteira, babosa branca e maricá, num raio de 100 metros ao redor do futuro reservatório de Pedreira.No entanto, para atender todas as exigências e abranger outras localidades, a Prefeitura de Campinas emitiu um Parecer Técnico elaborado pelas equipes técnicas da Secretaria do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, do Conselho Gestor da APA de Campinas e do Gaema — Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente — com o apontamento das áreas prioritárias para plantio compensatório dentro dos limites da Área de Proteção Ambiental de Campinas.Um estudo detalhado dessas áreas foi elaborado pelo Daee privilegiando sempre a conectividade da vegetação existente, contribuindo assim para a preservação dos processos biológicos, manutenção da biodiversidade, e conservação dos recursos hídricos das bacias que drenam para a área do futuro reservatório da Barragem Pedreira.Os proprietários das áreas caracterizadas como prioritárias foram consultados e, após acordo, os engenheiros florestais Fernando d’Horta e Eduardo Quartim Barbosa, responsáveis pelos estudos, iniciaram os trabalhos de campo.

O Projeto de Restauração Florestal é elaborado considerando as particularidades de cada área, em função da cobertura vegetal, das características da vizinhança, das condições de solo, topografia e outros parâmetros, assim será detalhado o tipo de manejo a ser adotado.Após a finalização dos estudos, prevista para setembro deste ano, o Projeto seguirá para aprovação do órgão ambiental competente (Cetesb) e contratação por licitação de empresa de plantio. Estima-se que mais de 300 mil mudas sejam plantadas para atender as áreas apontadas.

Plantio

O Daee já plantou 97 mil novas mudas de 126 espécies diferentes no entorno da Barragem Pedreira. A área beneficiada tem 214 hectares, o que equivale a 231 campos de futebol.No total, 405 hectares receberão novas mudas, o equivalente a 437 campos de futebol — o Daee já está preparando o plantio dos 191 hectares restantes.O total a ser plantado é mais de três vezes superior à quantidade de área utilizada para construção da barragem. Além da reposição de vegetação, obrigação legal prevista no licenciamento ambiental, o reflorestamento vai promover o enriquecimento de uma região já bastante degradada pela ação do homem. O corredor ecológico ao redor da barragem tem a função ambiental de preservar recursos hídricos, paisagens, estabilidade geológica, biodiversidade, favorecendo a transferência de genes de uma população para outra, a colonização ou recolonização de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar da população local.Os exemplares utilizados pelo Daee atendem às características da Floresta Estacional Semidecidual – um dos biomas da Mata Atlântica em pior estado de conservação no País, mescladas com exemplares do Cerrado.

Algumas plantas estão ameaçadas

Os estudos para a construção da Barragem Pedreira obedeceram a uma busca rigorosa pelas plantas existentes na região do reservatório, algumas ameaçadas de extinção.Desde meados de 2018, é mantido um viveiro no próprio canteiro de obras, onde se cultivam as sementes da vegetação. Mudas de outros viveiros também serão utilizadas. Um banco de germoplasma (unidades que conservam material genético) foi montado a partir da identificação, da caracterização e da preservação de células germinativas dessas espécies resgatadas.Ao longo dos últimos anos, o Daee vem reunindo experiências bem sucedidas em projetos como o Parque Ecológico do Tietê (PET) e o Parque Várzeas do Tietê (PVT), onde os projetos de resgate da flora também impactam diretamente na riqueza da fauna com o reaparecimento de pássaros e bichos voltando a frequentar seus limites.

Reservatórios irão ampliar a capacidade de armazenamento de água para a região

Os reservatórios de Pedreira e Amparo representam uma das últimas possibilidades para reserva de água nas Bacias do PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí). Com investimento total de R$ 740 milhões, as duas estruturas ampliarão a capacidade de armazenamento em 85,3 milhões de metros cúbicos, além da capacidade de fornecimento de 17,2 mil litros por segundo.Em março, o Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee) retomou as obras para reforçar o abastecimento na região de Campinas, que deve beneficiar mais de cinco milhões de pessoas em 23 cidades.A água será distribuída por meio de sistema adutor, um conjunto de canais e estações de bombeamento. Os novos reservatórios também poderão fomentar o Ecoturismo local por meio dos esportes náuticos e pesca. A empresa responsável pela obra estima contratar cerca de 700 trabalhadores, o que gerará renda e contribuirá para a economia da cidade de Pedreira.A execução foi suspensa temporariamente no mês de fevereiro para que o Departamento esclarecesse à população sobre o atendimento de todos os requisitos e medidas de segurança adotadas. O Daee consultou também a Procuradoria Geral do Estado, que afirmou não haver impedimento legal para retomada dos trabalhos.Após a crise hídrica ocorrida em 2014, o Governo do Estado priorizou investimentos para atender à demanda crescente por recursos. Neste sentido, as barragens Pedreira e Duas Pontes foram projetadas para intensificar a oferta hídrica, além de aprimorar a operação do Sistema Cantareira, especialmente nas épocas de estiagem. A entrega dos dois reservatórios está prevista para 2021.

Fonte: Agência Anhanguera