No período de julho de 2019 a fevereiro de 2020, as empresas agropecuárias captaram recursos da ordem de R$ 126.1 bilhões para o financiamento da safra atual (2020/21). Em comparação com o volume dos oito primeiros meses da safra 2018/19, que totalizou R$ 116.8 bilhões, houve um aumento de quase R$ 10 bilhões, segundo dados do Banco Central.

O aumento da liberação de crédito para custeio em relação ao período anterior foi de 6%, segundo o BC, e chegou a R$ 69 bilhões. O crescimento maior foi observado nas contratações de recursos para industrialização, que registraram alta de quase 70%, para R$ 8.2 bilhões. Já a captação para as operações de comercialização registrou uma queda de 22%, para R$ 13.6 bilhões.

O volume de demanda por empréstimos para investimentos nos oito primeiros meses da safra aumentou quase 20%, para R$ 35 bilhões. Foram registradas altas de mais de 80% no Pronamp (Programa Nacional de Apoio aos Médios Produtores), para R$ 1.9 bilhão e de 18% no Pronaf (agricultura familiar), para R$ 9.5 bilhões.

Em relação ao Programa de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC) o aumento foi de 51,20%, para R$ 1.9 bilhão, ao passo que o Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) registrou uma alta de 46,50%, para R$ 1.3 bilhão.

Embora o governo tenha remanejado recursos de custeio para investimentos em face da demanda firme, algumas linhas do BNDES continuam suspensas pelo banco, como o Moderinfra e o Moderagro.

Já o Moderfrota, a mais importante linha de investimentos do Plano Safra, destinada à aquisição de máquinas e implementos agrícolas, segue com desempenho considerado fraco. De julho do ano passado a fevereiro último foram contratados R$ 4.4 bilhões, contra mais de R$ 6 bilhões no mesmo período de 2018/19.

Apesar de ainda haver recursos disponíveis no Moderfrota, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) já pediu um aporte suplementar de R$ 3 bilhões para a linha, mas não foi atendida. “Não tem risco de acabar o recurso”, disse o Diretor de Financiamento e Informação do Ministério da Agricultura, Wilson Vaz Araújo.

Para suprir a demanda no segmento, o BNDES recentemente disponibilizou uma linha com até R$ 1.5 bilhão em condições semelhantes às do Moderfrota, com prazo de pagamento de até 10 anos.

Outra medida adotada pelo governo no fim de janeiro, mas que ainda não surtiu efeito, foi a permissão para os bancos redirecionarem parte dos recursos obrigatórios que seriam aplicados no custeio para os investimentos do Pronaf. O Banco Central deverá enviar um comunicado às instituições financeiras oficializando a medida.

A busca por mais recursos para investimentos tem sido uma das tônicas das conversas do Ministério da Agricultura com a equipe econômica do governo na formulação do próximo Plano Safra, sempre com o compromisso de diminuir a dependência dos subsídios do Tesouro.

Até agora, 75% dos empréstimos do atual plano foram feitos com recursos a juros controlados (R$ 94.3 bilhões) e 25% com taxas livres (R$ 28.3 bilhões). A principal fonte financiadora do crédito rural são os recursos obrigatórios (R$ 36.7 bilhões), seguidos da poupança rural (R$ 31.1 bilhões), e os bancos públicos lideram as liberações, com R$ 65.83 bilhões.

Fonte: Valor Econômico