“O agronegócio brasileiro é resiliente, com um alto grau de protagonismo, que sabe dos seus desafios e de suas oportunidades. O desafio de vencer percepções equivocadas sobre o setor, de fortalecer o posicionamento de qualidade, e de conquistar cada vez mais o respeito do mercado consumidor interno e externo. É importante também destacar a resiliência de enfrentar crises e, cada vez mais, se reinventar e continuar a produção de alimentos no Brasil”. José Antonio Ribas Junior

A equipe do Suino.com conversou com José Antonio Ribas Junior, Presidente ACAV, Diretor da Seara Alimentos S/A (JBS Foods) sobre o momento da agropecuária brasileira. Perguntamos a ele sobre o posicionamento do setor como  gerador de emprego e renda e seu papel social em meio à pandemia.

Ribas lembrou que o setor de alimentos foi considerado como essencial pelo Governo Federal pela importância que tem para a continuidade da produção de alimentos. “Até para que não aprofundássemos mais a crise e tivéssemos ainda mais perdas de vidas se o setor não continuasse seu trabalho”.

O setor agropecuário brasileiro vem demonstrando resiliência e protagonismo diferenciados, afirma Ribas. Isso ocorre mesmo diante de muitos desafios internos e externos, insegurança jurídica com relação à Covid-19, além de inúmeros questionamentos com relação ao mercado mundial. “Nós, como lideranças, precisamos demonstrar mais e melhor as virtudes do setor”.

O presidente da ACAV destaca o Brasil como um país relevante na produção de aves e suínos. “Somos o terceiro maior produtor de aves do mundo, o segundo maior exportador, por vezes o primeiro”. O país também cresceu de maneira significativa na exportação de suínos, diz ele. “Estamos batendo casas de quase 10% a mais sobre o ano passado nos volumes de exportação, ou seja, números contundentes mostrando que, mesmo durante a crise, continuamos a crescer”.

Ribas salienta ainda a qualidade alcançada pela agroindústria brasileira. “Somos um país que trabalha com uma qualidade muito forte, importante em relação à produção animal”. A exportação para mais de 150 países, por si só, é um certificado de qualidade, diz. “Ninguém mantém essa exportação há tanto tempo se não tiver qualidade de seus produtos em mercados com altíssimo nível de exigência”.

Sobre a proteção dos trabalhadores durante a pandemia, Ribas afirma que o setor se antecipou aos demais da economia brasileira. “Característica já inerente ao setor, que já trabalha com muitos cuidados para seu trabalhador”. Ele cita mais de R$ 500 milhões de investimentos realizados nas agroindústrias para melhorar a proteção dos trabalhadores. “Houve ainda muitas doações aos municípios”, complementa.

A continuidade da atividade de produção de aves e suínos, diz Ribas, é importante para manter a renda nos municípios. “Para que possam continuar seus investimentos em saúde”. Essa é outra virtude do setor, afirma. “Nós temos um papel protagonista fundamental como lideranças em mostrar como acontece a produção de proteína no Brasil. Temos uma suinocultura, uma avicultura muito responsável e competente, que gera muito emprego e renda”.

Mais de 20 mil novos postos de trabalho

Desde o início da pandemia, o setor agropecuário gerou mais de 20 mil novos postos de trabalho. “Continuamos crescendo, trabalhando e batendo recordes de exportações. São números contundentes, que a gente precisa mostrar com muito cuidado para que a sociedade perceba as virtudes do nosso setor”, afirmou.

O crescimento do agronegócio no momento atual, de pandemia e crise na maioria dos setores, é positivo, avalia Ribas. “A gente vive entre esse trade off de oportunidades e desafios, enfrentando as percepções negativas e precisamos vencê-las, buscar possibilidades de mostrar melhor como é o trabalho de produção de proteína no Brasil hoje”.

Mesmo diante dos questionamentos, o produto brasileiro é procurado pelos mercados mais exigentes do mundo. “Fato isso que estamos batendo recordes de exportação mesmo em um momento que a gente está sendo muito agredido pelo custo”. Ele cita as cotações dos grãos, base alimentar das cadeias de aves e suínos. “Está impactando, enfrentamos um momento de grãos muito caros e isso agride o setor, demanda que a gente tenha uma política mais forte com relação a como queremos agregar valor à produção de proteína internamente”.

Papel social

Ribas destaca o papel social atrelado ao processo de produção de alimentos, gerando emprego e renda. “Muitos municípios possuem um IDH diferenciado devido às atividade de aves e suínos em seu território”. Esse retorno, diz ele, possibilita investimentos locais em saúde. “Temos um agronegócio que preserva, cuida das pessoas, produz com qualidade, gera renda e emprego para toda a sociedade brasileira”, enfatiza.

Fonte: Suino.com