Com predomínio do tempo seco, apesar da ocorrência de chuvas esparsas e de baixo volume na maior parte do RS, a colheita da soja avançou e chega a 58% das lavouras, o que representa em torno de 3,5 milhões de hectares. Conforme levantamento da Emater/RS-Ascar, divulgado no Informativo Conjuntural (IC) desta quinta-feira (02), a safra de soja 2019-2020 foi implantada em 5.964.516 hectares gaúchos. Atualmente, 31% das áreas estão maduras e por colher, 10% em enchimento de grãos e 1% das lavouras está em floração. O IC é elaborado em parceria com a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr).

Com o aumento de perdas na cultura devido à estiagem, a solicitação de perícias para cobertura de Proagro é crescente. No Rio Grande do Sul, até 1º de abril, a Emater/RS-Ascar realizou 4.530 laudos do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) de soja. Sobre o Proagro, ainda nesta quinta-feira, a Instituição recebeu a confirmação de aprovação da proposta enviada à ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina, e ao Banco Central do Brasil (Bacen), para simplificar a metodologia das perícias para este período de quarentena, com vigência até 30 de junho. A partir dessa proposta, foi divulgada a Resolução 4.796, que estabelece medidas de caráter emergencial para os procedimentos de comunicação e comprovação de perdas e de cálculo de coberturas para as operações enquadradas no Proagro de que trata o Capítulo 16 do Manual de Crédito Rural (MCR) (mais informações no site da Emater/RS-Ascar e da Seapdr).

GRÃOS

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Ijuí, os grãos de soja colhidos apresentam entre nove e 10% de umidade, com elevação do número de grãos secos esverdeados e da quantidade de impurezas. As plantas das lavouras por colher estão com maturação desuniforme; inclusive há plantas que continuam o estádio vegetativo devido à pequena quantidade de vagens. A produtividade reduz à medida que avança a colheita nas cultivares mais tardias, atingindo a média de 2.136 quilos por hectare.

Na região de Santa Rosa, a celeridade está acontecendo devido ao amadurecimento do grão e à perda da umidade, pois muitas lavouras de soja vêm sendo colhidas com umidade do grão entre oito e 12%. Já nas lavouras de soja safrinha, as que estão nas fases de floração e enchimento de grãos são as mais prejudicadas, possivelmente com elevação das perdas. As plantas secaram à força, aparecendo folhas ainda presas às plantas, mas já secas. As vagens estão com malformação de grãos, com tamanho pequeno e avariados, coloração esverdeada, o que demonstra maturação forçada. Outro aspecto comum são plantas com vagens sem grãos, principalmente no terço superior. Nestas lavouras, a produtividade tem variado entre 600 a 2.100 quilos por hectare, bem abaixo das expectativas iniciais, provocando o amparo na política do Proagro.

No milho, as lavouras no Estado estão 2% em germinação e desenvolvimento vegetativo, 3% em floração, 11% em enchimento de grãos, 12% estão maduros e 72% já foram colhidos. Na regional da Emater/RS-Ascar de Santa Rosa, as lavouras colhidas, no geral, apresentaram baixa perda, mas tende a aumentar quando se incluem as lavouras de milho safrinha atingidas pela estiagem, que já apresentam redução do crescimento das plantas e da área foliar. As chuvas ocorridas na região (dias 18 e 28/03) ajudaram a melhorar a situação das lavouras de milho safrinha, inclusive possibilitando a continuidade das aplicações de adubação e inseticida para controle da lagarta-rosca. O rendimento atual é de 7.121 quilos por hectare e representa perda de 11% em relação à produtividade inicial. A preocupação dos produtores é em relação à alimentação do gado no período de vazio forrageiro, pois a produção de silagem do milho safrinha resultará em pouca quantidade e baixa qualidade nutricional.

Na região de Frederico Westphalen, 94% das lavouras de milho já estão colhidas. Em geral, os híbridos mais precoces apresentaram bom potencial produtivo, variando entre 7.800 e 9.600 quilos por hectare, que representam perdas de até 15%; já as semeadas a partir de meados de setembro apresentam maiores perdas pela estiagem, com redução na produtividade de até 35%. Apesar disso, os grãos colhidos são de boa qualidade.

Na regional de Ijuí, produtores aguardam o final da colheita da soja para a retomada da operação nas lavouras de milho grão. O milho de segundo cultivo evidencia redução de produtividade devido ao tamanho reduzido e à falha na emissão de espigas e no enchimento de grãos.

No arroz, as acentuadas restrições nos níveis dos mananciais evidenciam a necessidade de racionamento. Dos cultivos de arroz no RS, 8% estão em enchimento de grãos, 36% em maturação e 56% das lavouras foram colhidas. Na regional de Bagé, onde a colheita alcançou 68% da área cultivada, a produtividade está em oito mil quilos por hectare devido às ótimas condições de desenvolvimento das lavouras. Tal situação pode mudar diante do quadro de racionamento de água que começa a ocorrer nas lavouras mais tardias.

A colheita do feijão 1ª safra está sendo finalizada nos Campos de Cima da Serra, na regional de Caxias do Sul, com rendimento oscilando entre dois mil e 2.400 quilos por hectare. Em geral, o bom estado fitossanitário das plantas contribuiu para a excelente qualidade de grãos. Já na região de Pelotas, as lavouras foram muito prejudicadas pela estiagem, com rendimentos de 420 quilos por hectare em Canguçu e de 864 quilos por hectare em Pinheiro Machado.

Das lavouras de feijão 2ª safra, na regional da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen, 30% estão em desenvolvimento vegetativo, 50% em floração e 20% em enchimento de grãos. As áreas implantadas durante a estiagem têm mostrado desenvolvimento reduzido e tendência à perda de 35% do rendimento inicial previsto de 1.800 quilos por hectare. Na de Ijuí, os cultivos em áreas sem irrigação se encontram em situação crítica, apresentando queda acentuada de flores e pouca formação de vagens. Nas áreas irrigadas, as lavouras seguem com bom desenvolvimento. Os produtores realizam tratamentos fitossanitários e há perspectiva de boa produtividade.

Fonte: Emater/RS