Abril marca o início da safra de trigo na Região Sul, com semeaduras que se estendem até o mês de julho. A expectativa é de manutenção da área, com aumento de 3,7% na produtividade.

A implantação das lavouras deve seguir o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), que indica o melhor momento para a implantação da cultura em cada município apto ao cultivo do trigo, com base em registros coletados nas principais estações meteorológicas do País, estimando a frequência das ocorrências climáticas nos últimos vinte anos. “Para definir a época de semeadura em cada município, foram avaliados os principais fatores que interferem na cultura, como geada no florescimento, seca após a semeadura e enchimento de grãos e chuvas na colheita, entre outros”, explica o pesquisador João Leonardo Pires.

As primeiras semeaduras de inverno são destinadas ao forrageamento animal. A implantação dos trigos de duplo propósito (pastejo + grãos ou silagem) pode iniciar em meados de março, mas o atraso na colheita da soja abriu espaço para a semeadura do trigo somente com a chegada do outono. A estimativa da Embrapa Trigo é de que os trigos para alimentação animal ocupem cerca de 100 mil hectares na Região Sul, suprindo parte da demanda de forragem para produção de leite e engorda de bovinos.

Os trigos destinados ao cultivo de grãos entram nas operações de semeadura, geralmente, em maio nas regiões mais quentes, restando junho e julho para os locais com maior altitude ou mais frios. “O planejamento do manejo da lavoura precisa ser definido agora. As escolhas de manejo devem atender peculiaridades regionais, envolvendo riscos e potencialidades do ambiente, bem como a expectativa de rendimento de grãos e a relação receita/investimento”, orienta o pesquisador.

Outro cuidado, é o escalonamento da semeadura, optando por cultivares com diferentes ciclos, estratégia que pode reduzir perdas com doenças e adversidades do clima, além de permitir o planejamento de verão. A orientação é semear primeiro as cultivares de ciclo mais longo, enquanto que as cultivares precoces vão para a lavoura mais tarde, para evitar danos com geadas durante o espigamento e o florescimento.

Saiba mais sobre a semeadura do trigo no vídeo produzido com o pesquisador da Embrapa Trigo João Leonardo Pires:

Números
As fontes oficiais (Conab e Ibge) ainda não divulgaram os levantamentos de intenção de cultivo de trigo no Brasil, mas já sinalizam que a área de 2018 deverá se repetir, com cerca de 1,8 milhão de hectares na Região Sul e rendimentos pouco acima de 2.700 kg/ha (aumento de 3,7% com relação ao ano anterior). A Apassul (Associação de Produtores de Sementes e Mudas do RS) aponta que a estagnação da área de trigo se deve mais a falta de sementes no mercado, cuja qualidade foi prejudicada pelo clima da última safra, do que pela falta de interesse do produtor.

A demanda por trigo pode ter sido motivada pelo aumento no Preço Mínimo, divulgado pelo Mapa no mês de março. O preço do trigo em grão em todas as regiões brasileiras teve variação de 12,16%. Para os estados da Região Sul, o trigo tipo 1, melhorador, saca de 60 kg, que antes era R$ 37,88 ficou em R$ 42,49 com o reajuste. O Ministério destaca que os valores servem como balizadores nas linhas de financiamento para comercialização.

Orientações Técnicas
caba de ser disponibilizada a publicação “Informações técnicas para trigo e triticale – Safra 2019”, documento produzido pelos participantes da 12ª Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale, com atualizações agronômicas e mercadológicas para orientar a safra deste ano.

Fonte: Embrapa Trigo