Com a presença de 90 técnicos do serviço veterinário privado e oficial, o Workshop sobre Inspeção de Suínos e Controle de Salmonella abordou temas fundamentais para aprimorar a sanidade dos animais desde o campo até o frigorífico. O evento foi proposto e organizado pelo Conselho Técnico Operacional da Suinocultura do Fundesa.

O objetivo foi esclarecer duas Instruções Normativas do Ministério da Agricultura. A de número 79, que trata sobre procedimentos para inspeção baseada em análise de risco, e a 60, que aborda a higiene nos processos industriais com foco na contaminação. Ambas foram publicadas no final de 2018. A 79 já está em vigor e a 60 passará a vigorar em junho.

Conforme o presidente do Fundesa, Rogério Kerber, as INs promovem o conceito de responsabilidade compartilhada, fazendo com que produtores e indústrias trabalhem de forma a garantir que um produto final com inocuidade chegue aos consumidores nacionais e internacionais. Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do RS, José Roberto Goulart, sanidade é a palavra-chave. “A preocupação tem que começar no campo, para chegar o melhor suíno para o frigorífico”, frisou.

Conforme a auditora fiscal federal agropecuária Elenita Albuquerque, são 600 milhões de casos de Doenças Transmissíveis por Alimentos (DTA) por ano no mundo. Grande parte originada em produtos de origem animal. No Brasil, o principal patógeno é a Salmonella. “A carne suína é relativamente segura, pois praticamente não provoca mortes, mas os prejuízos precisam ser considerados e o trabalho sobre o controle da bactéria durante o processo industrial é fundamental”, afirmou.

Já a professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Marisa Cardoso, afirma que com a interação entre produtores, indústrias e o serviço veterinário é possível implementar ações que contribuam para a saúde pública e sanidade animal. Falando sobre Salmonella, Marisa afirma ainda que vários fatores estão interligados como a questão de bem-estar, “animais estressados defecam mais e é no trânsito intestinal que as salmonelas estão alojadas, quando elas saem e entram em contato com outros animais ocorre a contaminação”.

A pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves, Jalusa Deon Kich, apresentou dados científicos sobre a contaminação por salmonela no país, por região.  Segundo ela, já existem alternativas para melhorar a saúde intestinal dos suínos e reduzir as contaminações entre os animais nos plantéis e também após a chegada ao frigorífico.

Inspeção baseada em risco
A Instrução Normativa 79 prevê a adoção de medidas de autocontrole por parte das agroindústrias para que os auditores fiscais federais agropecuários possam realizar a inspeção baseada em análise de risco. A implantação da IN é por adesão, mas a previsão do Ministério da Agricultura é que em até 10 anos toda a inspeção federal deva ser realizada desta forma.

Em maio todos os auditores fiscais que atuam nos estabelecimentos com Serviço de Inspeção Federal passarão por capacitação para trabalhar neste formato e também na padronização de procedimentos do atual sistema. Já os médicos veterinários das indústrias que aderirem ao sistema precisarão passar por treinamento na medida em que forem aderindo ao novo modelo.

A auditora fiscal federal agropecuária Angela Maraschin explicou como será o treinamento e os pontos que deverão ser observados. “Os procedimentos precisam ser muito bem descritos e alguma alteração física nas agroindústrias pode ser necessária”, informou.

Fonte: Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa)